Jorge Sellare, Ph.D. Research Group Leader Transformation and Sustainability Governance in South American Bioeconomies Center for development Research (ZEF) University of Bonn
Coordenação Profs. Jacques Marcovitch e M Sylvia M. Saes
O Workshop PSA e as comunidades locais apresenta e discute um quadro de referência para o estudo das políticas de pagamento por serviços ambientais em diferentes escalas na Amazonia junto a comunidades, associações e cooperativas. Em complemento, a um quadro de referência conceitual e da legislação em vigor, são apresentados e discutidos casos de governança do uso do capital natural. Uma governança que almeja a consolidação das cadeias de valor dos serviços ecossistêmicos para criar condições favoráveis para os investimentos públicos e privados que levem ao fortalecimento das comunidades locais.
Programa
Dia 21 de setembro quarta-feira
Primeira parte
8h45 – 9h00 Abertura
Maria Sylvia M Saes, USP
Jacques Marcovitch, USP
Adalberto Val, INPA
9h00-10h30 Pagamentos de serviços ambientais: um quadro de referência
Patrícia G C Ruggiero – CV | Slides Pesquisa a efetividade de mecanismos de incentivo à conservação da biodiversidade e promoção dos serviços ambientais, Pós Doutoranda no Departamento de Economia da FEA/USP
Carlos A Klink – CV | Slides Coordenador de ações com parceiros estratégicos para a melhoria do ambiente de negócios e práticas sustentáveis. Secretário Executivo do MMA e Secretário Nacional para Mudança do Clima ( 2012/2016). Professor de Ecologia na Universidade de Brasília (unb).
Bráulio de Souza Dias – CV | Slides Diretor-presidente do Fundação Pró-Natureza. Secretário Executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (2012-2017) Professor de Ecologia na UnB.
Segunda parte
10h45- 12h00 Casos em Pagamentos de Serviços Ambientais na Amazonia
Chocolate De Mendes – Slides Stefano Arnhold, Presidente da CBKK Celo de Bonstato Kaj Konservado para o bem-estar das comunidades e conservação da natureza
Bolsa Floresta – Slides Lívio Miles Silva-Müller, pesquisador do projeto Elites & Desigualdade, Albert Hirschman Center on Democracy, IHEID Genebra
Reserva Rio Cautário – Slides Charles William Cookson, advogado com experiencia em gestão de investimentos para a conservação e recuperação de florestas naturais.
Ecomapuá REDD+ – Slides Lucas Ferrari, analista de Infraestrutura na Garín Investimentos
Comentários deAna Cláudia Torres Gonçalves, Programa de Manejo de Pesca do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
12h15 – 12h30 Síntese, conclusões e recomendações
Realização: Projeto Bioeconomia FEA/USP/FAPESP e INPA/FAPEAM. Processo FAPESP 2020/08886-1
Missão do Projeto Bioeconomia: Ampliar a compreensão de questões relativasàscadeias de valor com base na biodiversidade. Identificar fatores críticos para elevar a sustentabilidade das cadeias de valor no estado do Amazonas, com alto potencial de consumo no estado de São Paulo. Iniciativa que almeja ações que promovam nas comunidades produtoras a geração de emprego, renda, benefícios e bem-estar.
Paulo Moutinho, cofundador do IPAM, durante o I Workshop de Bioeconomia INPA/USP
O cofundador do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Paulo Moutinho, disse que existe um “paradoxo” sobre o conceito de bioeconomia e defendeu uma discussão para se definir o sentido do termo que se quer adotar dentro do contexto amazônico. Segundo ele, “há uma profusão cada vez mais rápida de conceitos diferentes, cujo efeito de grande guarda-chuva pode matar todo o potencial da bioeconomia e do seu desenvolvimento, especialmente na região amazônica”. Moutinho participou do I Workshop de Bioeconomia, promovido pela FEAUSP em conjunto com o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), com o objetivo de discutir formas sustentáveis para a geração de emprego, renda e bem-estar na Amazônia. O evento foi coordenado pelo professor Jacques Marcovitch (FEAUSP).
O pesquisador sênior do IPAM afirmou que temos de “fugir da maquiagem” e fazer algo transformador, caso contrário estaremos colocando o prefixo “bio” na frente de todo tipo de economia desenvolvida na região amazônica. “Já escutei que produção de soja transgênica é uma expressão da bioeconomia, assim como uma atividade produtiva livre de fósseis, uma produção sustentável de madeira, ou mesmo o aumento de produtos florestais amazônicos. E temos outras coisas bem estranhas: a produção de óleo em terra indígena é bioeconomia porque traz royalties para os índios continuarem a ter o modo de vida preservado e seus direitos preservados”.
Paulo Moutinho citou como principal exemplo do uso inadequado do termo aquele que é considerado o ícone da bioeconomia da Amazônia: o açaí. Ele lembrou que houve uma supervalorização da produção do fruto nos últimos anos, superando até a rentabilidade da carne e da soja. Mas destacou que é necessário definir qual tipo de produção de açaí queremos qualificar como bioeconomia.
O cofundador do IPAM alertou que existe hoje uma série de métodos de produção de açaí, cuja demanda crescente estaria destruindo, em grande parte, o modo de produção tradicional dos ribeirinhos, resultando no que ele chamou de “açaização da paisagem amazônica”. Moutinho citou como principais métodos de produção a “produtivista” e a “conservacionista”. “A produtivista aumenta realmente a produção de açaí em duas ou três vezes, mas há um custo de redução de 50% da riqueza florística onde esse açaizal está implementado”, analisou o pesquisador.
Paulo Moutinho acredita que “não basta ter um produto ou uma cadeia de valor estruturada, produzindo algo que sai da floresta ou da região amazônica, para chamá-los de bioeconomia. Falar em açaí como sinônimo de bioeconomia é algo que a gente precisa se aprofundar mais”. Disse que não estava trazendo a solução para o problema, mas levantando pontos importantes para conceituar a bioeconomia amazônica e identificar as premissas fundamentais para o desenvolvimento sustentável da região.
Workshop: prioridades para o estudo da bioeconomia
A abertura do Workshop de Bioeconomia teve a participação do diretor da FEAUSP Fábio Frezatti, do diretor científico da FAPESP Luiz Eugênio Mello, além de Carlos Roberto Bueno (Fundação Amazônia Sustentável), Paulo Moutinho (IPAM) e Eduardo Coelho Cerqueira (UFPA). Os especialistas apresentaram as prioridades para o estudo da bioeconomia na Amazônia.
O pesquisador do IPAM, Paulo Moutinho, apontou o “desmatamento zero” como a principal prioridade. “Não há mais como avançar qualquer ação de bioeconomia onde se tenha, com muito poucas exceções, o avanço do desmatamento, seja ele ilegal ou legal. Caso contrário, a própria bioeconomia não se viabilizará”. Também defendeu uma distribuição justa de benefícios: “Se não falarmos disso não teremos uma bioeconomia para a Amazônia: benefícios para quem, para quê e em que escala isso deve ser feito”.
Outros pilares fundamentais apontados por Paulo Moutinho foram o fortalecimento das dinâmicas socioeconômicas e culturais no território, além do respeito e a inclusão dos saberes ancestrais. “É preciso ter humildade e reconhecer os saberes ancestrais, especialmente dentro do processo de produção tradicional”.
Há mais de 40 anos trabalhando na região amazônica, o biólogo e pesquisador do INPA Adalberto Luís Val disse que é errado falar em diversidade na Amazônia no singular, enquanto existem diversos aspectos a serem considerados, além da questão biológica, para a discussão de ações que envolvem a bioeconomia da região. Segundo ele, a diversidade na Amazônia é bastante complexa e abrange outras áreas essenciais citando entre elas a diversidade ambiental, geológica, química e cultural.
Adalberto Val afirmou que o debate sobre a bioeconomia da Amazônia deve levar em conta a “sensibilidade ambiental”. No seu entender, quanto maior a biodiversidade, menor é a densidade de ocorrência de organismos nessas áreas. “Quando estamos pensando em cadeias de valor, em inclusão social e geração de renda, a intervenção ambiental precisa ser pensada com todo o cuidado. Exportar material da Amazônia com custos ambientais significa ter impactos em outros segmentos econômicos extremamente importantes. Quando desmatamos para ter uma monocultura no lugar, significa termos menos serviços ambientais”.
O professor Jacques Marcovitch, da FEAUSP, levantou questões que considera importantes para o debate da bioeconomia da Amazônia. Destacou, entre elas, como centrar o desenvolvimento na dimensão humana e na sustentabilidade ambiental; como promover a capacitação e recapacitação de pessoas para a construção da nova era; como a transição digital torna possível uma economia mais inclusiva e mais resiliente; como a transição digital pode reduzir a informalidade, a própria ilicitude via as novas tecnologias; e como fazer da retomada econômica o espaço de oportunidade tanto na dimensão tecnológica quanto na dimensão da sustentabilidade, sempre colocando a dimensão humana no centro do processo.
Segundo ele, a região amazônica coloca imensos desafios nesse momento para os pesquisadores, para o Brasil e para a humanidade. Marcovitch disse que a crise sanitária aumentou as desigualdades na região, houve deterioração das condições e trabalho e renda, e vivenciamos hoje “profundas mudanças na nova era”, onde despontamos como “construtores” e não como “objetos”.
O professor Jacques Marcovitch enalteceu, ainda, o trabalho da FEAUSP e da FAPESP como instituições que estão sendo desafiadas a pensar novos caminhos para a Amazônia. Marcovitch é o pesquisador responsável pelo projeto Bioeconomia – Estudos das cadeias de valor no Estado do Amazonas, pela FEAUSP/FAPESP. Informações sobre o projeto estão no site https://bioeconomia.fea.usp.br/Data do Conteúdo: Terça-feira, 3 Agosto, 2021
Ampliar a compreensão de questões relativasàscadeias de valor com base na biodiversidade para a geração de emprego, renda e bem-estar nos estados do Amazonas e de São Paulo. Identificar fatores críticos para elevar a sustentabilidade das cadeias de valor no estado do Amazonas, com alto potencial de consumo no estado de São Paulo.
I Workshop
O I Workshop de Bioeconomia tem por objetivo elencar prioridades e metodologias para o estudo da biodiversidade na Amazônia. Serão apresentados e discutidos modelos para a análise dos componentes das cadeias de valor e metodologias para identificar os fatores inibidores e propulsores, em prol da sustentabilidade e que levem a ações que promovam a geração de emprego, renda e bem-estar.
Programa
Dia 02 de agosto segunda-feira
11h00 às 11h15 – Abertura
Fabio Frezatti, Diretor da FEA/USP;
Adalberto Luis Val, Projeto Bioeconomia INPA/Fapeam
Jacques Marcovitch, Projeto Bioeconomia USP/Fapesp
Sessão I
11h15 às 11h45 – Prioridades para o estudo da bioeconomia na Amazônia.
Luiz Eugênio Mello (FAPESP/São Paulo)
Carlos Roberto Bueno (FAS/Manaus)
Paulo Moutinho (IPAM Amazônia)
Lucia Py Daniel (INPA/Manaus)
Eduardo Coelho Cerqueira (UFPA/Belém)
11h45 às 12h05 – Bioeconomia e cadeias de valor: modelo, metodologia e ações.
Maria Sylvia Macchione Saes – FEA/USP.
12h05 às 12h20 – Perguntas e respostas.
12h20 às 12h30 – Síntese da sessão e recomendações.
Sessão II
16h00 às 16h20 – Bioeconomia na Amazônia: conceitos e práticas.
Vanessa Pinsky – FEA/USP
16h20 às 16h35 –Perguntas e respostas.
16h35 às 16h55 – Sustentabilidade financeira de reservas extrativistas na Amazônia.
Izabel Seabra – UEA
16h55 às 17h10 –Perguntas e respostas.
17h10 às 17h30 – Síntese da sessão e recomendações.
Dia 03 de agosto – terça-feira
Sessão III
11h00 às 11h20 – Compostos bioativos de plantas alimentícias para produtos com apelo funcional.
Glaucia Maria Pastore Engenharia de Alimentos/Unicamp
Valdely Ferreira Kinupp – IFAM.
11h20 às 11h35 – Perguntas e respostas.
11h35 às 11h55 – Bioeconomia do cacau amazônico: mercados e perspectivas.
Lucas Xavier – FEA/USP.
11h55 às 12h10 – Perguntas e respostas.
12h10 às 12h30 – Síntese e conclusões.
Sessão IV
16h00 às 16h20 – A integração da cadeia de fitoterápicos amazônicos.
Maria Beatriz Machado Bonacelli – DCP/Unicamp
Jorge Ivan Porto – INPA.
16h20 às 16h35 –Perguntas e respostas.
16h35 às 16:55 – Estratégias silviculturais para o manejo e conservação de florestas tropicais secundárias
Mário Tommasiello Filho – ESALQ/USP
Marciel Ferreira – UFAM.
16h55 às 17h10 –Perguntas e respostas.
17h10 às 17h30 – Síntese da sessão e recomendações
Dia 04 de agosto – quarta-feira
Sessão V
16h00 às 16h20 –Desenvolvimento de competências em bioeconomia.
Graziella Maria Comini – FEA/USP.
16h20 às 16h35 –Perguntas e respostas.
16h35 às 16h55 – Bioeconomia e Cadeias de Valor – Ferramentas de formação para Gestão de empreendimentos rurais.
Tatiana Balzon- GIZ GmbH, Cláudia de Souza, CapGestão
16h55 às 17h10 – Perguntas e respostas.
17h10 às 17h30 – Síntese e seguimento do I Workshop Bioeconomia.
Realização: Projeto Bioeconomia FEAUSP/FAPESP e INPA/FAPEAM
No dia 5 de abril de 2021, a FAPESP e o ILP organizaram um seminário tratando dos temas de tecnologia, desenvolvimento e sustentabilidade na Amazônia. O seminário teve moderação do Diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fapesp, Carlos Américo Pacheco.
Nesse trecho, focamos a apresentação de Adalberto Luiz Val, que apresentou sua visão sobre as possibilidades de desenvolvimento sustentável para a região.
O seminário completo está disponível no canal da ALESP no Youtube.