Resultados esperados

A Amazônia demanda ações imediatas. A necessidade de desenvolver  serviços especializados, competências tecnológicas e capacidades institucionais  para potencializar as oportunidades da biodiversidade por meio do aumento da  produtividade, inclui desde o controle da qualidade de matérias primas, da logística  competitiva para o acesso aos mercados nacional e internacional, até a certificação  do produto final. As necessidades e oportunidades são inúmeras, como a formação  de lideranças que responda aos desafios que a região está enfrentando, o  desenvolvimento da economia da biodiversidade florestal baseado em tecnologia  digital e inovação, uma governança focada em resultados. Em complemento, novos  mecanismos de financiamento para iniciativas verdes e o pagamento por serviços  ambientais, promoveriam a geração de emprego e renda para a manutenção da  floresta em pé (Val, Marcovitch, & Pinsky, 2018, 18 de outubro). 

A cientista Bertha Becker, em sua obra Geopolítica da Amazônia, destacou “o  potencial amazônico para a produção em larga escala de produtos essenciais para  a alimentação, capazes de garantir desenvolvimento em harmonia com o  crescimento econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental” (2005). Para  viabilizar este potencial a presente pesquisa se propõe a identificar fatores críticos  para elevar a competitividade de cadeias produtivas com base na biodiversidade do  Estado do Amazonas, com alto potencial de consumo no Estado de São Paulo.  Trata-se, portanto, de promover cadeias produtivas cuja competitividade esteja  harmonizada com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015),  incluindo, erradicação da pobreza (ODS 1); a segurança alimentar (ODS 2); a  geração de renda e empregos decentes (ODS 8); e a educação para proporcionar a  jovens e adultos as habilidades e as competências para a cidadania, o emprego, o  trabalho decente e o empreendedorismo (ODS 4).  

O Estado de São Paulo destaca-se por ser o maior polo populacional,  industrial e financeiro do Brasil. O Estado do Amazonas destaca-se por sua  importância ambiental, uma vez que a região abriga parte significativa da maior  floresta tropical do mundo. Neste contexto, a motivação dos pesquisadores é a de  contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável no Estado do  Amazonas e no Estado de São Paulo, com a produção e comercialização de  alimentos tendo por base a biodiversidade amazônica. 

Pretende-se levantar localmente os componentes das cadeias produtivas  para identificar os fatores inibidores e propulsores de elevado desempenho e propor  soluções para responder aos problemas identificados. Para isso, as tecnologias  avançadas nas esferas da digitalização (ex. e-commerce), da mecânica (ex. 3D) e  da biologia (ex. engenharia genética) oferecem novas perspectivas para a  dissolução dos gargalos identificados. Um dos exemplos é o uso da energia solar  para a refrigeração do pescado na cadeia produtiva da piscicultura no Estado do  Amazonas e para a sua comercialização no Estado de São Paulo.  

Por meio da sistematização dos casos, pretende-se propor modelos  replicáveis em outras cadeias setoriais. Estes modelos incluirão métricas de  monitoramento da governança nos componentes das cadeias produtivas e sua  articulação. O intuito é estabelecer uma plataforma de articulação para o fomento de  empreendimentos verdes que viabiliza o desenvolvimento local, por meio da  geração de emprego e renda, e sirva de benchmarking para outros estados do  bioma amazônico e do Brasil. Adicionalmente, agentes de entidades públicas e  privadas serão engajados desde o início da pesquisa por intermédio de um  Conselho de Orientação constituído por convidados integrantes das entidades  descritas na Tabela 1.  

O engajamento desses agentes, programado para a etapa inicial do projeto  por meio de um pré-workshop na cidade de Manaus, será realizado para validar o  delineamento da metodologia da pesquisa, escolha dos casos e experimentos que  serão estudados, assim como alinhar as expectativas relacionadas aos resultados e  impactos (outcome) do Projeto. Dessa forma, pretende-se afinar o desenho do projeto, por meio de um diálogo participativo e em sintonia com as demandas dos  usuários prioritários do conhecimento que será gerado no estudo.  

Destinatários do estudo
Agentes Subnacionais Governo do Estado do Amazonas; Secretaria de Estado do  Trabalho (SETRAB); Superintendência da Zona Franca de  Manaus (SUFRAMA); Polo Industrial de Manaus (PIM) 
Agentes Municipais Prefeitura de Manaus; Secretaria Municipal do Trabalho,  Empreendedorismo e Inovação (SEMTEPI)
Entidades de Classe FECOMÉRCIO, FIEAM 
Sistema S SENAI, SENAC, SEBRAE, e SESC
Empresas do Polo Industrial ZFM Empresas globais do perfil da Honda, Samsung e Coca-Cola 
Sociedade Civil Organizada Organizações do perfil da FAS, IPAAM, IPAM, IDESAM e ISA 
Academia e instituições de  pesquisa Embrapa, INPA, UFAM, UEA, pesquisadores, professores,  alunos de graduação e pós-graduação
Tabela 1: Principais destinatários do conhecimento construído no estudo 

Além da geração de novos conhecimentos e recomendações de políticas  públicas relativos a segurança alimentar, a geração de trabalho e renda no Estado  do Amazonas, considerando também a crise econômica pós Covid-19, almeja-se  propor recomendações de novas tecnologias aplicáveis à produção, ao  beneficiamento, a certificação (como o Origens Brasil) e a distribuição dos produtos  providos destas quatro cadeias produtivas do Estado do Amazonas, com alto  potencial de consumo no Estado de São Paulo e em outros lugares do mundo. O  conhecimento construído será disseminado e avaliado, conforme detalhado na Seção 5 desta Proposta.