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  • Degradação da Amazônia cresce 163% em dois anos, enquanto desmatamento cai 54% no mesmo período

    Agência FAPESP – Luciana Constantino – O acelerado crescimento da degradação da Amazônia brasileira, causado principalmente por incêndios, ofuscou a expressiva queda do desmatamento entre 2022 e 2024. Esse “saldo negativo” na proteção do bioma compromete as metas internacionais de combate à crise climática assumidas pelo país, que neste ano é sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

    Enquanto o desmatamento remove totalmente a cobertura de vegetação nativa, a degradação enfraquece a floresta sem destruí-la por completo (foto: Vinícius Mendonça/Ibama)

    O alerta vem de um artigo publicado na revista Global Change Biology por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e instituições do Reino Unido e dos Estados Unidos. Enquanto o desmatamento remove totalmente a cobertura de vegetação nativa, a degradação enfraquece a floresta sem destruí-la por completo (por exemplo, por meio do corte seletivo de árvores).

    Segundo o estudo, os alertas de degradação na Amazônia subiram 44% de 2023 para 2024 – 163% em relação a 2022. Isso significa que somente no ano passado 25.023 quilômetros quadrados (km2) de floresta foram degradados, sendo cerca de 66% por incêndios florestais. Trata-se de uma área maior do que o Estado de Sergipe.

    No sentido oposto, o desmatamento caiu, respectivamente, 27,5% e 54,2%, representando o menor incremento em dez anos. Foram 5.816 km2 desmatados no período referente a 2024, de acordo com dados do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), do Inpe.

    “A degradação é um processo mais difícil de ser identificado do que o desmatamento porque ocorre enquanto ainda existe a floresta em pé. É decorrente principalmente do fogo, que nos últimos dois anos foi agravado pelo cenário de seca na Amazônia. Há ainda o corte seletivo de árvores e o efeito de borda. Tudo isso diminui os serviços ecossistêmicos prestados por essas florestas. O entendimento desse dado contribui para a formulação de políticas públicas”, diz Guilherme Mataveli, pós-doutorando na Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Inpe.

    Entre 2023 e 2024, uma forte seca atingiu a Amazônia, com déficits de precipitação de 50 a 100 milímetros ao mês; aumento de temperatura acima de 3 °C e atraso na estação chuvosa, deixando os rios em níveis mínimos. Com isso, o bioma registrou no ano passado o maior número de focos de calor desde 2007 – foram 140.328 no total.

    Primeiro autor do artigo, Mataveli faz parte do laboratório Tropical Ecosystems and Environmental Sciences (Trees), liderado pelos pesquisadores Luiz Aragão, que também assina o trabalho, e Liana Anderson.

    Para Aragão, a importância do estudo foi demonstrar que hoje os satélites – tecnologias espaciais críticas para o país e utilizadas no sistema de monitoramento do Inpe – já permitem a detecção dos processos de degradação. “Esses processos vinham comprometendo a integridade de nossas florestas de forma silenciosa. As tecnologias atualmente conferem não só capacidade de monitorar os eventos, reportar as emissões de carbono associadas, seus impactos no ambiente, na população e no clima planetário, como também permitem o planejamento estratégico para uma gestão territorial sustentável e de baixo carbono”, diz o pesquisador do Inpe e coordenador do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

    E completa: “A liderança do Brasil no cenário internacional em relação a ações de combate às mudanças climáticas e à perda da biodiversidade depende de respostas eficazes à degradação florestal. Reportar as emissões associadas a esses processos é um caminho sem volta dentro dos Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa. Portanto, a intensificação de medidas de controle, com a implantação de políticas consistentes que abordem esse processo, torna-se uma prioridade nacional”.

    O Brasil foi o primeiro país a entregar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla para Nationally Determined Contributions). Nela, assume o compromisso de reduzir de 59% a 67% as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035 em comparação com os níveis de 2005 (850 milhões a 1,05 bilhão de toneladas de CO2 equivalente).

    As NDCs são as metas de cada país para reduzir a emissão de gases estufa e evitar que o aumento médio da temperatura global ultrapasse 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris. Elas devem ser revisadas e atualizadas até a COP30, que acontece em novembro, em Belém (PA).

    Impacto

    Embora não remova totalmente a vegetação nativa, a degradação degenera a floresta que “sobra”, afetando a biodiversidade e reduzindo a capacidade de fornecer serviços essenciais, como a captura de carbono e a regulação do ciclo da água, funções vitais para a resiliência do ecossistema.

    Pesquisas anteriores já mostraram que quase 40% das florestas em pé na Amazônia são degradadas por fatores como incêndios, efeito de borda, extração ilegal de madeira e eventos extremos de seca, enfatizando ainda mais a escala e a importância do problema. Nesse cenário, as emissões de carbono da perda gradual de vegetação – entre 50 milhões de toneladas e 200 milhões de toneladas ao ano – foram equivalentes ou até maiores do que as por desmatamento – entre 60 milhões de toneladas e 210 milhões de toneladas/ano (leia mais em: agencia.fapesp.br/40568).

    No artigo publicado agora, os cientistas sugerem que sejam adotados esforços para a melhoria do manejo de incêndios, juntamente com projetos de restauração e reflorestamento em larga escala. Outro caminho é uma integração dessas estratégias com mercados de crédito de carbono, criando incentivos financeiros para que proprietários de terras, empresas e comunidades locais adotem práticas sustentáveis.

    Eles apontam ainda desafios no aprimoramento de rastreio e quantificação da degradação, além da criação de mecanismos para responsabilizar responsáveis.

    O estudo teve apoio da FAPESP por meio do Centro de Pesquisa e Inovação de Gases de Efeito Estufa (RCGI); de um Projeto Temático liderado pelo pesquisador Paulo Artaxo, do Centro de Estudos de Sustentabilidade Amazônica da Universidade de São Paulo (USP); e de bolsas concedidas a Mataveli (19/25701-8 e 23/03206-0) e a Lucas Maure, do Inpe (24/06641-2). Artaxo e Maure também são autores do trabalho.

    O artigo Forest Degradation Is Undermining Progress on Deforestation in the Amazon pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/gcb.70209.

  • Atlas da Amazônia Brasileira

    O Atlas da Amazônia Brasileira, busca desconstruir estereótipos da região amazônica Trata-se de um conteúdo que visa contribuir para uma urgente mudança de perspectiva, para que pessoas do Brasil e do mundo possam conhecer a Amazônia novamente, desta vez sob a perspectiva dos habitantes da região.

    Informações e Downloads da publicação podem ser obtidos no site da Fundação Heinrich Böll

  • Caminhos para uma bioeconomia amazônica com impacto global

    A Amazônia não é só território. É projeto.

    A conversa reforça a importância de se superar as barreiras entre o saber acadêmico e as urgências das comunidades, promovendo um esforço coordenado entre instituições de pesquisa, setor privado, governos e sociedade civil. Em vésperas da COP 30, e diante de uma nova configuração geopolítica da sustentabilidade, esta entrevista lança luz sobre o que precisa ser feito para que a Amazônia deixe de ser promessa e passe a ser protagonista no século XXI — não apenas como território, mas como projeto nacional de futuro. Confira esta densa conversa e sua importância na diversificação, adensamento e regionalização da bioeconomia da Amazônia.

    Por Alfredo Lopes – Coluna Follow Up (**) do Jornal do Commercio. Manaus, 4 de abril de 2025.

    B.A.A. (BrasilAmazoniaAgora) Dado o histórico de pesquisas e projetos voltados para a Amazônia, como a USP pode contribuir para um modelo de governança ambiental mais eficaz e integrado com as necessidades socioeconômicas da região?

    J.M. – Jacques Marcovitch(*) – Contribuir para um modelo de governança ambiental eficaz significa desenvolver meios pelos quais a sociedade determina prioridades e se mobiliza para atingir metas relacionadas à gestão responsável dos recursos naturais. Um modelo de governança ambiental requer, portanto, um profundo conhecimento das origens e evolução do Bioma Amazônia, que reúne a maior floresta tropical, a maior diversidade biológica e a maior bacia hidrográfica existentes no planeta. Um ecossistema essencial para o destino da humanidade. Acesse aqui matéria relativa à governança ambiental

    A USP e as demais instituições acadêmicas têm por missão formar quadros profissionais e conhecimentos científicos para responder às expectativas da sociedade, entre as quais, as necessidades socioeconômicas e ambientais da Amazônia. Uma missão capaz de induzir iniciativas públicas e privadas que promovam simultaneamente a geração de emprego e renda, o bem-estar das comunidades produtoras e a conservação da natureza. Iniciativas que requerem lideranças imbuídas de valores e princípios, estratégias centradas em prioridades e um monitoramento focado em resultados e impactos. Foi por isso que o Inpa, a UFPA, o Instituto Peabiru e a USP, com a participação do Museu Emílio Goeldi no Pará e da Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilhéus, se associaram para valorizar a cultura amazônica e contribuir através de um Grupo de Pesquisa apoiado pelo CNPq, a Fapesp e a Fapeam dedicado ao estudo das cadeias produtivas da biodiversidade e às necessidades socioeconômicas da região.

    B.A.A. Quais são os principais desafios para transformar o conhecimento acadêmico gerado por instituições como a USP em arranjos produtivos locais baseados em bioativos florestais, promovendo uma economia sustentável e não predatória?

    J.M. Presentemente, no vasto cenário dos desafios regionais em rápida transformação, destaquemos a falta de equidade nos ganhos do processamento de frutos e peixes nativos, o envenenamento dos rios pelo mercúrio, a ação do crime organizado e as queimadas e desmatamentos predatórios. Neste cenário, duas barreiras inibem a transferência do conhecimento acadêmico aos arranjos produtivos locais: expectativas distintas entre comunidades locais e comunidades de pesquisa e a linguagem. A comunidade acadêmica está empenhada na publicação de artigos científicos avaliados por pares, enquanto a comunidade local enfrenta a urgência na busca de soluções sustentáveis compatíveis com a sua cultura. Para enfrentar esta brecha, uma das maneiras é a concepção conjunta de estudos para conciliar a relevância para a comunidade local e o rigor acadêmico exigido pela pesquisa. Em complemento, cabe condensar e traduzir as descobertas da pesquisa em resumos na linguagem dos destinatários. Reduz-se assim o potencial de perda do conhecimento construído em parceria.

    O formato condensado, compartilhado por agentes locais, tem o potencial de atingir grandes públicos por meio de diferentes redes. Com isso os conteúdos se beneficiam do “efeito disseminação”, em que um resumo, em podcast ou vídeo, viaja para um círculo cada vez maior de destinatários, em formato acessível e transferível, que gera efeitos mensuráveis.

    B.A.A. A bioeconomia pode ser um caminho para adensar e diversificar as cadeias produtivas na Amazônia, mas ainda há barreiras institucionais e logísticas. Como iniciativas como esta podem influenciar políticas públicas e o setor industrial para acelerar essa transição? Como transformar a riqueza natural da Amazônia em bem-estar para as populações locais, sem repetir os erros de modelos econômicos predatórios?

    J.M. Na bioeconomia amazônica, cruzam-se conhecimento dos povos indígenas, saberes históricos, sociológicos, econômicos e outros igualmente originários das ciências biológicas, exatas e humanas que alimentam o conhecimento formal. Na obra coletiva organizada com Adalberto Luis Val, do Inpa, Bioeconomia Para Quem?, o todo multidisciplinar sinaliza, para governos, indústrias processadoras e extrativistas, as prioridades por cadeia produtiva para influenciar políticas publicas e o setor industrial.

    À guisa de referência, seguem prioridades para adensar cadeias produtivas por meio de políticas púbicas, ações do setor industrial e da sociedade civil. Prioridades para a cadeia produtiva do cacau: aprimorar a organização coletiva dos produtores; elevar a qualidade, aumentar a escala e mitigar riscos sanitários; estabelecer cadeias de valor curtas nas relações produtor-comprador, valorizar as lideranças empreendedoras nas comunidades para prospectar novos mercados e compradores. Prioridades para a cadeia produtiva do açaí: aumentar a segurança física na atividade da peconha, mitigar os riscos de açaização dos ecossistemas, assegurar a repartição de benefícios justa e equitativa provenientes dos produtos desenvolvidos, fortalecer o ordenamento fundiário para populações tradicionais amazônidas.

    Prioridades para a cadeia produtiva do pirarucu: fiscalizar os lagos para inibir a pesca ilegal e outros crimes ambientais, reduzir os custos de monitoramento via satélites e drones, incentivar o mercado institucional do pescado com compras publicas e privadas, fortalecer as atividades de pesca comunitária manejada, viabilizar o pagamento de serviços ambientais.

    Prioridades para a cadeia produtiva da meliponicultura: conservar as espécies de abelhas sem ferrão e seus habitats com locais para sua nidificação e fontes de alimentos, conservar e restaurar os habitats naturais, incluindo espécies importantes de flora para as abelhas, promover a educação ambiental sobre a importância das abelhas na polinização e na conservação da biodiversidade.

    Prioridades para a restauração florestal: adotar modelos de restauração florestal com enfoque em regeneração natural, regeneração natural e plantio de enriquecimento, regeneração natural e agroflorestas, regeneração natural e plantio de enriquecimento para cumprimento legal e sistemas de integração para diversificação.

    Essas prioridades, construídas com as comunidades locais, evidenciam que nas barreiras institucionais e logísticas são encontrados dois níveis de expressão da consciência nacional sobre os grandes temas contemporâneos. O primeiro se traduz em leis ou políticas de Estado. O segundo reside nas atitudes de sua população, incluídas as empresas e organizações da sociedade civil, quando relacionadas com os vários aspectos da sustentabilidade em todos os níveis.

    B.A.A. Considerando as discussões da COP 30, que será sediada em Belém, quais avanços concretos podem ser esperados a partir do diálogo entre academia, indústria e setor público para estruturar uma bioeconomia robusta e socialmente inclusiva na Amazônia?

    J.M. Como já antecipado pelo presidente designado da COP 30, embaixador André Correa do Lago, na Primeira Carta do Presidente da COP30 um tema central é o das florestas, para mitigar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

    No seu Compromisso Nacionalmente Determinado na COP 21, em 2015, o Brasil assumiu a responsabilidade de restaurar 12 milhões de hectares além de erradicar o desmatamento ilegal. Cabe prestar contas do que foi realizado, dos desafios enfrentados e das condições necessárias para honrar seus compromissos até 2030.

    Há, portanto, necessidade de assegurar os financiamentos destinados às florestas. Financiamentos múltiplos e complementares que combinem recursos públicos domésticos, do setor privado, dos bancos multilaterais e de Fundos de Desenvolvimento. Esses últimos, denominados recursos concessionais, têm por objetivo o desenvolvimento sustentável com impactos positivos mensuráveis. São recursos de juros baixos e longos períodos de carência que favorecem a adoção de novas tecnologias em escala e a construção de novas oportunidades para a bioeconomia amazônica.

    Amazônia: território de soluções ou promessas adiadas?

    Em complemento, o Brasil vive a fase da implementação dos seus mercados de carbono estruturados em três módulos para financiar seu esforço climático. São eles: o mercado voluntário destinado ao restauro; o mercado jurisdicional para o combate do desmatamento ilegal e o mercado regulado para a redução de emissões das indústrias. Dada a complexidade desta estrutura e da sua implementação, a articulação da academia, indústria e setor público deve contribuir para uma bioeconomia robusta e socialmente justa na Amazônia.

    B.A.A. Projetos da USP na Amazônia enfatizam a governança ambiental como um meio de mobilização social e definição de prioridades. De que forma a credibilidade acadêmica e institucional da USP pode ser um fator decisivo para atrair investimentos, fomentar novos negócios e impulsionar a inserção da Amazônia na economia global de forma sustentável?

    J.M. A credibilidade acadêmica e institucional é necessária, mas insuficiente. Para atrair investimentos, no entanto, é preciso mobilizar outras instituições críveis, entre as quais o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (WB), o Banco de compensações Internacionais (BIS), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o BNDES, gestor do Fundo Amazônia. Com referência ao Fundo Amazônia, cabe o registro que até 20% dos seus recursos podem ser usados para apoio ao desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outros biomas brasileiros e em outros países tropicais. Sendo um fundo constituído de doações internacionais e nacionais para investimentos não reembolsáveis, torna-se um importante instrumento de cooperação internacional, em especial no âmbito da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Mas, para fomentar novos negócios e impulsionar a inserção da Amazônia na economia global de forma sustentável, é preciso enfrentar dois flagelos: a mineração ilícita de ouro e o crime organizado. O garimpo ilícito é causador do envenenamento dos rios amazônicos por mercúrio, o qual compromete severamente a segurança alimentar e a saúde dos povos da floresta e das populações ribeirinhas. A criminalidade transnacional é fonte permanente de violência e insegurança na região. Neste sentido, controle das fronteiras, policiamento e inteligência são incontornáveis para viabilizar a governança ambiental eficaz e em especial a defesa da soberania.

    (*) Jacques Marcovitch é professor sênior da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) e do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP). Integra a coordenação do Projeto Bioeconomia na Amazônia CNPq e do Projeto Métricas Fapesp. Integra também o Conselho Superior do Graduate Institute of International and Development Studies (IHEID) em Genebra. 

    (**) Coluna follow-up sob a responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), e coordenação editorial de Alfredo Lopes, é publicada as quartas, quintas e sextas-feiras no Jornal do Commercio do Amazonas e no portal BrasilAmazoniaAgora.com.br

  • Índice Multicritério de Sustentabilidade na ResEx Chico Mendes, Acre – Brasil

    O artigo avalia a sustentabilidade teritorial com base no conceito de Carbono Social e na Análise Multicritério de Apoio à Decisão (MCDA). O diagnóstico de sustentabilidade baseou-se em cinco critérios: governança, ambiental, social, econômico e agronômico; os quais foram hierarquizados e ponderados através de conferências de decisão junto aos atores sociais, gerando o Índice Multicritério de Sustentabilidade.

  • Bioeconomia na Amazônia a caminho da COP 30

    Programa

    As transformações no mundo e o lugar do Brasil.  

    Rubens Barbosa, Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior

    Amazônia: desafios e perspectivas.

    Carlos Lazary, Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (2019-2024)

    Dinâmica agrária e desenvolvimento sustentável na Amazônia

    Danilo Araújo Fernandes, Universidade Federal do Pará

    Docentes responsáveis: Jacques Marcovitch e Maria Sylvia M. Saes.

    LocalAuditório FUNCADI, Biblioteca da FEA/USP
    Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Butantã, São Paulo, 05508-010

    OrganizaçãoProjeto Bioeconomia/FAFESP/CNPq  

    Docentes responsáveis: Jacques Marcovitch e Maria Sylvia M. Saes | Grupo de Pesquisa 

    Outras informações pelo e-mail do projeto Bioeconomia mudarfuturo@usp.br

  • Análise da produção científica sobre Pirarucu

    O pirarucu (Arapaima gigas) é um peixe nativo da bacia amazônica. Ele desempenha um papel essencial na segurança alimentar e na manutenção da biodiversidade. Na década de 1970, pesquisadores classificaram a espécie como ameaçada de extinção devido aos efeitos deletérios da pesca excessiva. O avanço dos projetos de criação de peixes para produção e manejo em larga escala em áreas protegidas tem sido uma força motriz significativa por trás da pesquisa científica.

    Este estudo pioneiro analisa a literatura global, artigos científicos por meio da plataforma Scopus, e o interesse nacional por meio de projetos de pesquisa registrados na plataforma Lattes. Os autores empregam técnicas de coleta e organização de dados, incluindo ciência de redes e análise de modelagem de tópicos. A pesquisa brasileira é proeminente,
    com cientistas liderando projetos nacionais e se classificando entre os mais produtivos na Scopus. Além disso, as instituições brasileiras financiam a maioria das pesquisas na Scopus. As principais áreas de estudo se concentraram na compreensão dos aspectos biológicos e tecnológicos, especialmente aqueles relacionados à reprodução. Os circuitos de pesquisa nacionais referem-se principalmente à pesquisa aplicada. Os resultados apresentados aqui ilustram a importância da realização de pesquisas em países
    periféricos para atender às preocupações nacionais. Apesar do conhecimento limitado dessas descobertas além do contexto local, elas oferecem percepções substanciais para o desenvolvimento de estratégias locais.

    Saes, M. S. M., Souza, R. F., Feitosa, E. R. M., Val, A. L., & Marcovitch, J. (2025). When periphery matters: a
    computational analysis through network science and topic modeling of the scientific production on Pirarucu. Revista de
    Economia e Sociologia Rural, 63, e284419. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2025.284419

  • Perspectivas de mercado para o tambaqui

    A aquicultura se consolidou como alternativa a redução dos estoques naturais de peixes e atualmente o total produzido supera a pesca extrativa. O trabalho analisou parâmetros
    biométricos, rendimentos, fator de condição, estimativas do custo de produção e valor de mercado de tambaquis (Colossoma macropomum) com peso até 500 g produzidos em
    unidade de cultivo com recirculação de água (Santarém) e unidade de cultivo em barragem (Mojuí dos Campos), objetivando oferecer indicadores para uma nova
    oportunidade de mercado. Os tambaquis foram beneficiados em laboratórios da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA e os dados analisados com ferramentas da estatística descritiva e inferencial. O comprimento total de 149 exemplares variou de 15,30 a 30,00 cm e o peso total de 49,00 a 443,00 g. Equações peso-comprimento robustas indicaram crescimento diferenciado entre os locais de cultivo.

    Os rendimentos no processamento foram superiores para os tambaquis cultivados em barragem por serem mais magros e o fator de condição da unidade com recirculação, ambos estatisticamente diferentes. O custo de produção estimado variou de R$ 4,50/kg a R$ 8,90/kg e o valor de mercado de R$ 5,50/kg a R$ 10,00/kg, com ciclo produtivo que pode viabilizar ganhos de R$ 1.890,00 a R$ 3.970,00/ton. com perspectiva de 2 ou mais ciclos/ano. Apesar do melhor rendimento para os tambaquis cultivados na barragem, os cultivados na unidade com recirculação obtiveram um ganho de 2,46 vezes superior, o que indica que o sistema de cultivo e o manejo do plantel afetam positivamente o desempenho zootécnico e econômico.

    REVISTA CARIBEÑA DE CIÊNCIAS SOCIALES, Miami, v.13, n.12, p.01-23. 2024. ISSN 2254-7630

  • Segurança alimentar, sustentabilidade e inclusão dos povos tradicionais e seus saberes


    Fazer uma transição para uma bioeconomia sustentável pode nos ajudar a avançar em direção a um futuro de baixo carbono, onde somos menos dependentes de combustíveis e materiais derivados de recursos fósseis não renováveis ​​e desempenhará um papel crítico no cumprimento de compromissos internacionais para abordar urgentemente as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. Também pode contribuir para atingir muitos dos outros objetivos e metas de desenvolvimento consagrados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e outros acordos multilaterais sobre segurança alimentar e nutrição, redução da pobreza e desigualdade.

    A FAO tem muito a oferecer em discussões sobre bioeconomia. A produção agrícola e pecuária, a pesca e a aquicultura e a silvicultura geram a biomassa e os recursos biológicos que fornecem a base de uma bioeconomia sustentável. Os setores agrícolas também desempenharão um papel central em garantir que a biomassa possa circular de forma constante por toda a bioeconomia de maneiras que otimizem o uso de recursos biológicos. Os complexos e diversos sistemas agroalimentares que produzem, processam e distribuem alimentos, rações, fibras, combustível e outros produtos dos quais todos nós dependemos claramente precisarão estar no topo da agenda em quaisquer discussões sobre como avançar em direção a uma bioeconomia sustentável.

    A bioeconomia deve ser vista como um motor para transformar os sistemas agroalimentares para que se tornem mais eficientes e produtivos, equitativos e resilientes, e apoiem a saúde do ecossistema.

    FAO. 2024. Bioeconomy for sustainable food and agriculture: a global opportunity – Position paper. Rome. https://doi.org/10.4060/cd1976en

  • Pesquisadores apontam riscos às cadeias de valor da Amazônia

    Pesquisadores de universidades das regiões Sudeste, Norte e Nordeste identificaram gargalos que impactam as cadeias de valor na Amazônia – ciclo produtivo que vai da colheita até a comercialização e distribuição dos produtos da floresta. Um dos principais problemas encontrados é a contaminação das águas dos rios devido à mineração ilícita de ouro, o que afeta a produção do pirarucu e traz graves consequências para a saúde das comunidades e povos que consomem esse pescado.

    Neste novo Podcast Humanamente, Jacques Marcovitch, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, coordenador do estudo, fala sobre esses entraves que impactam a qualidade de vida da população que produz esses produtos.

    Ouça o Podcast

    Ficha técnica

    Apresentação e produção: Paulo Bellardi
    Sonorização: Gilberto Vianna
    Revisão de texto: Rodrigo de Oliveira Andrade
    Edição executiva: Washington Castilhos
    Coordenação: Luisa Massarani

    Publicado na Revista Humanamente da Fiocruz