A importância da cadeia de valor do cacau para o país está associada à sua capacidade de edificar economias regionais a partir da geração de empregos e absorção de mão de obra no meio rural e urbano nas indústrias (Soares, Costa, & Lemos, 2016).
A produção global de cacau está historicamente concentrada em pequenas unidades rurais de produção, responsáveis por 95% da produção global que alcançou a marca de 4,8 milhões de toneladas na safra 2018/2019 (ICCO, 2020), sendo o Brasil responsável por 239 mil toneladas, ocupando a sexta posição entre os países produtores (FAO, 2020).
Além de produtor de cacau, o país também dispõe de um parque industrial processador de cacau, sendo o único entre os países produtores a possuir esta indústria instalada. Embora esteja entre os principais produtores, o Brasil precisa importar a commodity de outros países (Gana e Costa do Marfim) para atender a capacidade de processamento da indústria doméstica que é de 275 mil toneladas por ano. A demanda nacional por cacau pode aumentar ainda mais devido ao Projeto Lei nº. 1769 de 2019 que está em tramitação no Congresso que objetiva estabelecer um aumento na concentração mínima de cacau de 25% para 35% em chocolates e derivados. No país, a cadeia de produção do cacau abrange 66 mil unidades agrícolas produtoras (CNA, 2016) e o Estado do Amazonas tem figurado recorrentemente como o quinto maior produtor nacional, contando com 2.214 produtores (CEPLAC, 2020) e 688 estabelecimentos rurais produtores (IBGE, 2017).
Os produtos derivados do cacau podem ser utilizados como matéria prima para diferentes segmentos industriais o que torna a cadeia relativamente competitiva frente a outras cadeias agroindustriais. No entanto, o segmento enfrenta desafios relacionados à sua eficiência e eficácia como o seu aporte tecnológico (Soares et al., 2016) marcado pela falta de adoção de inovações comerciais e tecnológicas, o necessário aumento de produtividade, inovação e qualidade, o êxodo de mão de obra, sua infraestrutura logística (Estival, Correa, & Procopio, 2019), além de uma série de entraves a absorção de tecnológica por parte dos produtores no ambiente agrícola (Trindade & Pereira, 2019).
O Brasil representa o 5º maior consumidor global de chocolates num mercado que faturou 14 bilhões de reais no ano 2019 (ABICAB, 2019). Neste mercado, São Paulo ocupa a posição de maior consumidor de chocolates do país (3.5 kg/ano), representando 29,5% do volume de vendas nacional de chocolates em 2014 (MERCADO DO CACAU, 2016). Do ponto de vista de importância para a produção, São Paulo representa o segundo parque moageiro de cacau do país e segundo maior Estado exportador de cacau e derivados do país que destinou 50 mil toneladas de derivados de cacau ao exterior e 27 mil toneladas de chocolates, sobretudo, para o Mercosul em 2019 (AIPC, 2020). Existe, portanto, potencial para estabelecer uma relação comercial complementar entre os Estados do Amazonas e São Paulo. De forma complementar, o estado de São Paulo destaca-se como importante elo da cadeia do ponto de vista da produção industrial nas etapas de processamento e transformação do cacau e também enquanto o principal centro consumidor de chocolates no país pode se beneficiar a partir do desenvolvimento da cadeia de suprimento de cacau para a sua produção, especialmente, de chocolates de qualidade de origem Amazônica com maior valor agregado para o crescente mercado nacional e internacional.
Para o aproveitamento do potencial da cadeia de maneira a beneficiar Amazonas e São Paulo, os desafios apresentados precisam ser superados. A cadeia deve ser tratada de maneira sistêmica a fim de se compreender em profundidade as condicionantes que oprimem a sua competitividade e para que sejam identificadas oportunidades e propostas intervenções (políticas públicas e estratégias privadas individuais e coletivas) para o seu fortalecimento conjunto. É importante estabelecer relações bilaterais coordenadas entre Amazonas e São Paulo, incluindo cooperação técnica entre os agentes da cadeia.
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