A biologia de abelhas sem ferrão, uso e conservação fizeram parte da formação acadêmica do autor deste livro sobre a criação de abelhas sem ferrão, também conhecida como meliponicultura, abordada como uma alternativa sustentável para comunidades da Amazônia.
A meliponicultura pode ser uma atividade transformadora e multidisciplinar, e assim foi construído esse livro. O foco na meliponicultura como uma ferramenta que pode promover a conservação na Amazônia inclui a construção de projetos, a gestão, execução, melhoria do nível técnico, a captação de recursos entre outros aspectos.
Após o seu doutoramento na USP , com um sanduíche na Bélgica e na UK, Ayrton foi trabalhar com comunidades indígenas no Suriname, promovendo a meliponicultura como meio de vida para comunidades nativas, projeto já em andamento. Atuando na Amazon Conservation Team, conheceu as lideranças da meliponicultura local, coletou exemplares que posteriormente foram depositados no Museu Paraense Emílio Goeldi por ele e pela liderança do programa da ACT, e usou para implementar suas atividades as experiências anteriores com os programas de meliponicultura do Brasil, inclusive as visitas ao Peabiru e à Embrapa Amazônia Oriental.
Artigo publicado no Journal Sustainability defende que a bioeconomia deve incentivar atividades econômicas que preservem a biodiversidade e fortaleçam as comunidades locais, promovendo seu bem-estar e diversidade cultural. Seus autores, pesquisadores associados ao Projeto Bioeconomia, propõem um método e indicadores de avaliação.
Para uma validação inicial da abordagem, o método foi aplicado à cadeia de valor do pirarucu (Arapaima gigas) na Amazônia brasileira. O estudo mostra que as pescarias gerenciadas são viáveis e trazem benefícios socioeconômicos, mas ainda existem desafios em relação à renda complementar, atratividade para as comunidades locais e falhas institucionais.
Saes, M. S. M., Saes, B. M., Feitosa, E. R. M., Poschen, P., Val, A. L., & Marcovitch, J. (2023). When Do Supply Chains Strengthen Biological and Cultural Diversity? Methods and Indicators for the Socio-Biodiversity Bioeconomy. Sustainability, 15(10), 8053. https://www.mdpi.com/2071-1050/15/10/8053
Na sua apresentação no Frontiers Forum Live 2023, o Professor Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, explicou por meio de evidências, os resultados de sua pesquisa, selecionada como representante brasileira do premio internacional Frontiers Planet.
Por meio da sua pesquisa, o professor Carlos Peres e a sua equipe demonstraram que os programas de conservação de base comunitária na Amazônia não só beneficiam os ecossistemas naturais como também melhoram os meios de subsistência das pessoas que vivem nas áreas protegidas. Esta capacitação das comunidades locais, em que todos ganham, pode ser alargada a toda a planície amazônica e realça o valor da proteção e reforça os argumentos em favor da ocupação humana responsável reservas florestais, como fator decisivo para a conservação.
Saiba mais sobre o Prêmio Frontiers Planet: https://www.frontiersplanetprize.org/
O Frontiers Forum Live apresenta soluções científicas para uma vida saudável num planeta saudável. O evento realiza-se anualmente em Montreux, na Suíça, e há sessões virtuais ao longo do ano.
Em estudo publicado pelo Banco Mundial em 11 de maio de 2023, “Equilíbrio delicado para a Amazônia Legal Brasileira“, sob forma de um memorando, apresenta respostas ao desafio de geração de renda para as populações da região, conciliada à proteção das florestas naturais e os modos de vida tradicionais, por meio de quatro ações estratégicas:
Aumentar o bem-estar dos cidadãos, promovendo a produtividade por meio da transformação estrutural nas áreas rurais e urbanas;
Proteger a floresta por meio do fortalecimento da governança fundiária e florestal, incluindo a aplicação das leis existentes (comando e controle);
Promover meios de subsistência rurais sustentáveis, valorizando o capital natural associado à floresta em pé e protegendo os modos de vida tradicionais;
Estruturar o financiamento da conservação vinculado à redução mensurável do desmatamento e recorrer a recursos públicos e privados ou soluções baseadas no mercado.
O autor contraria o senso comum e revela a riqueza do processo de ocupação humana na região. A obra traz desdobramentos da discussão para outros contextos da arqueologia das terras baixas da América do Sul, demonstrando que a história do Brasil anterior à chegada dos europeus é riquíssima e relevante para o entendimento do lugar que o Brasil ocupa.
Apesar de o mundo olhar com apreensão e interesse para o Brasil graças à Amazônia, a história milenar e a importância da floresta para a preservação da vida do planeta ainda são desconhecidas. Em plena crise ambiental e social – em que os povos indígenas, na tentativa de salvar a floresta, estão sendo ameaçados e em que a comunidade internacional protesta contra o recente assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira –, a história da Amazônia é contada em detalhes no livro Sob os Tempos do Equinócio – Oito Mil Anos de História na Amazônia Central, do arqueólogo e professor da USP Eduardo Góes Neves.
Publicada pela Editora da USP (Edusp) e Ubu Editora, a obra é resultado de mais de três décadas de pesquisas arqueológicas na região amazônica feitas por Neves e sua equipe do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP. “A história deste lugar chamado Brasil começa em 22 de abril de 1500. No entanto, numa estimativa conservadora, os ancestrais dos povos indígenas vivem aqui há mais de 12 mil anos”, escreve Neves na introdução. “Este livro busca contar uma parte dessa história, apresentando uma síntese do que se sabe dos 8 mil anos de ocupação indígena da Amazônia Central. Buscarei ainda desdobrar a discussão para outros contextos da arqueologia das terras baixas da América do Sul.”
Com uma linguagem clara e objetiva, o professor leva os leitores e leitoras para os lugares que pesquisou. O texto flui na expectativa de ser de interesse não só para os especialistas e estudiosos da arqueologia, mas para todos que acompanham a história dos povos indígenas e a luta pela preservação da Amazônia.
“De fato, a situação atual na Amazônia é trágica. Durante todo o período em que pesquisei e trabalhei na região, nunca vi um estado de coisas como este”, relata Neves, em entrevista ao Jornal da USP. “Espero que o livro mostre para o público um pouco da riqueza e da beleza da história antiga dos povos indígenas que vivem há milhares de anos na Amazônia e em todo o Brasil. Uso o termo ‘história antiga’ porque considero ‘pré-história’ um conceito anacrônico para nós, na América Latina. Vivemos em uma época na qual, infelizmente, o negacionismo científico tem prosperado, inclusive com apoio de autoridades. Minha esperança é que o livro funcione como um antídoto.”
“Os povos indígenas que ocuparam a Amazônia modificaram a natureza, criando áreas de solos férteis e modificando a concentração de espécies de árvores”
“A arqueologia nos mostra que os povos indígenas que ocuparam a Amazônia e outros lugares do Brasil modificaram profundamente a natureza, criando, por exemplo, áreas de solos férteis, conhecidos como terras pretas, ou modificando a concentração de espécies de árvores. A Amazônia é berço de uma imensa agrobiodiversidade, resultante das práticas de cultivo dos povos indígenas”, afirma Neves. “No presente, são os povos indígenas que têm resistido, pagando às vezes com suas vidas os ataques que a floresta tem sofrido. Basta olhar um mapa do avanço do desmatamento na Amazônia para verificar que muitas das áreas de floresta que ainda permanecem são terras indígenas.”
O professor ressalta: “As florestas brasileiras não existiriam como são se não fosse pela contribuição intelectual sofisticada de seus habitantes milenares. Por outro lado, sabemos como o desmatamento da Amazônia tem causado impacto profundo no ciclo de chuvas do Sudeste do País, comprometendo inclusive o futuro do próprio agronegócio. Vivemos em uma profunda crise climática e ambiental. Nosso papel na Universidade é continuar mostrando os sinais dessa crise, cada vez mais inequívocos, e também apontar caminhos para superá-la.”
O arqueólogo e professor da USP Eduardo Góes Neves – Foto: Luiz Pereira Pinto/Ubu Editora
O livro reproduz a tese de livre-docência defendida por Neves na USP em 2013. Apresenta objetivos distintos, porém relacionados. O primeiro deles é trazer, com detalhes, a reconstituição histórica da ocupação humana da Amazônia Central. Uma pesquisa que investiga acontecimentos de 10 mil anos atrás, até os primeiros momentos da colonização europeia, no século 16. O segundo objetivo é utilizar os dados e hipóteses da Amazônia Central para discutir temas semelhantes presentes em outros contextos da arqueologia das terras baixas da América do Sul. “A premissa, nesse caso, é que o potencial e as limitações da arqueologia da Amazônia Central não são exclusivos dessa área, mas têm uma relevância que vai além do contexto regional.” O terceiro objetivo é contribuir para o debate teórico e metodológico da arqueologia brasileira.
“A Amazônia é berço de uma imensa agrobiodiversidade, resultante das práticas de cultivo dos povos indígenas”
As 224 páginas do livro propiciam a reflexão, o pensamento crítico e o questionamento sobre o Brasil, a Amazônia, a arqueologia e a história que nos foi contada. Eduardo Góes Neves assinala: “É comum que se pense que a arqueologia estuda o passado, mas essa ideia é incorreta. A arqueologia estuda fenômenos do presente e outros tipos de registros que viajaram pelo tempo, às vezes por milhões de anos, até os dias de hoje. Essa não é apenas uma distinção semântica. Ela define de saída quais são as possibilidades e limitações que a arqueologia oferece para o conhecimento do passado. O passado é um país estrangeiro, um território estranho, ao qual jamais poderemos retornar”.
O leitor e a leitora podem começar a explorar Sob os Tempos do Equinócio: Oito mil Anos de História na Amazônia Central pelas orelhas do livro. O texto é da jornalista gaúcha Eliane Brum, também moradora da floresta, em Altamira, no Pará, um dos municípios com grave índice de desmatamento, segundo levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).Brum escreve com a lucidez e coragem de sempre: “O Brasil é a periferia da Amazônia – isso os menos estúpidos entre os humanos já perceberam. Não fosse por abarcar em seu território 60% da maior floresta tropical do mundo, insubstituível no enfrentamento do colapso climático, o Brasil atual seria apenas um país marcado por brutal desigualdade, racista até a medula e, com frequência exasperante, às voltas com a ameaça de um golpe capitaneada por algumas das mentes mais medíocres produzidas nos trópicos”.
Sobre a publicação: Sob os Tempos do Equinócio: Oito mil Anos de História na Amazônia Central. Eduardo Góes Neves. Editora Edusp / Ubu Editora Ltda. ISBN 13: 9786557850909 1ª edição, impressão de 2022 224 páginas Saiba mais
Em artigo recentemente publicado no International Journal of Disaster Risk Reduction, Pismel, et al., discutem a governança de incêndios florestais na fronteira tri-nacional do sudoeste da Amazônia.
Os incêndios florestais são um perigo crescente nessa fronteira, conhecida como região MAP, composta por Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil), e Pando (Bolívia). Segundo os autores, a compreensão da governança dos incêndios florestais é fundamental para as estratégias de redução do risco de desastres. Assim, o artigo analisa as percepções sobre vulnerabilidades e capacidades regionais a partir de quatro eixos: i) conhecimento do risco; ii) monitoramento; iii) educação e comunicação; e iv) prevenção e resposta a desastres.
A conclusão aponta para uma área com múltiplas vulnerabilidades, tais como organizações fracas, diálogo reduzido entre governos e sociedade, avanço da fronteira agrícola e aumento dos extremos climáticos.
Em um esforço para reverter esse quadro, os pesquisadores vêm contribuindo, no âmbito do projeto MAP-FIRE, para a construção de uma série de ferramentas para ampliar as capacidades organizacionais e envolver as comunidades locais na prevenção de desastres. Segundo artigo recente publicado pela Agência FAPESP, entre as ferramentas desenvolvidas pelo grupo encontram-se uma plataforma de monitoramento dos riscos de desastre e um livro didático, voltado para a formação de professores.
Jorge Sellare, Ph.D. Research Group Leader Transformation and Sustainability Governance in South American Bioeconomies Center for development Research (ZEF) University of Bonn
Coordenação Profs. Jacques Marcovitch e M Sylvia M. Saes
O terceiro boletim produzido no âmbito do Observatório de Bioeconomia (OBio) foca-se no tema da Bioeconomia Amazônica. O relatório, elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), desenvolve tanto um mapeamento das iniciativas existentes, como um panorama da produção científica sobre a bioeconomia Amazônica.
A partir da revisão científica, o documento define e analisa 12 clusters temáticos. Alguns deles, tratam de desafios para a região como o desmatamento, a contaminação do ecossistema por mercúrio e a disseminação da malária. Outros, levantam potenciais, tais como dos produtos Amazônicos, biodiversidade, diversidade genética e plantas medicinais. Entre as matérias-primas trabalhadas, o relatório destaca as seis mais mencionadas, sendo: açaí, castanha do Pará, cacau, piper, guaraná e buriti.
Finalmente, o boletim aponta três pontos em torno dos quais giram as discussões sobre os potenciais da bioeconomia: (i) equilíbrio com a natureza; (ii) compreensão do valor real da bioeconomia; e (iii) importância dos aspectos sociais, incluindo a valorização dos conhecimentos tradicionais.
A governança ambiental é o meio pelo qual a sociedade determina prioridades e se mobiliza para atingir metas relacionadas à gestão responsável dos recursos naturais. A disciplina EAD 5978/2024 tem por objetivos:
induzir uma análise crítica da governança ambiental em todos os níveis de decisão e ação;
construir conhecimento, metodologias e habilidades relacionadas à concepção, operação e avaliação da governança ambiental;
identificar temas de estudos e pesquisa para aprimorar a governança ambiental no Brasil.
Esta disciplina, dedicada ao estudo da governança ambiental, tem por foco a Amazônia. Por isso, é estudada a evolução do conhecimento existente sobre a bioeconomia inclusiva e suas perspectivas. Abordagem que inclui as ferramentas de análise de cadeias de valor na bioeconomia com foco na geração de emprego e renda, de bem-estar das comunidades produtoras e de conservação da natureza
Programa da disciplina
Dia 1
Apresentação da disciplina e dos participantes. Jacques Marcovitch, Maria Sylvia M. Saes, Vanessa Pinsky
Bioeconomia: conceitos básicos e sua aplicação. Maria Silvia M. Saes, FEA/USP
Meio Ambiente e Mudança do Clima: Prioridades, ações e métricas. João Paulo Capobianco, Secretário Executivo do MMA
Desafios da sustentabilidade e do desenvolvimento na Amazônia. Emmanuel Zagury Tourinho, Reitor da UFPa
Tendências Mundiais e desafios ambientais – Da Rio 92 ao Acordo de Paris 2015 para os ODS 2030. Jacques Marcovitch, FEA e IRI/USP
Dia 2
Programa AMAZ: resultados, impactos e desafios. Mariano Cenamo, Diretor de Novos Negócios – Idesam
Redes de inovação sustentável com múltiplos stakeholders: o caso “Origens Brasil”. Kavita Miadaira Hamza, EAD/FEA/USP.
Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) na Amazônia. Bruno Peregrina Puga, Sociedade Brasileira de Economia Ecológica.
Governança Ambiental na Amazônia: desafios e propostas. Eduardo Taveira, Secretário do Meio Ambiente do Estado do Amazonas.
As cadeias de valor da bioeconomia na Amazônia I: pirarucu. Maria Silvia M. Saes, FEA/USP.
As cadeias de valor da bioeconomia na Amazonia II: cacau. Lucas Xavier Trindade, Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia.
As cadeias de valor da bioeconomia na Amazônia III: açaí. Thiara Fernandes e Silva e Manoel Potiguar, Instituto Peabiru, Belém.
As cadeias de valor da bioeconomia na Amazonia IV: meliponicultora. Vera Lucia Imperatriz Fonseca, IB/USP.
Desenvolvimento local baseado em produtos florestais não madeireiros: o caso de São Francisco do Iratapuru. Tomas Rosenfeld, Universidade de Freiburg, Alemanha.
Dia 4
Governança Ambiental: teorias e prática. Vanessa Pinsky, FEA/USP.
Apresentação dos trabalhos em grupo.
Temas para o artigo de autoria individual ou estudo de caso. Elaboração de um artigo padrão Qualis A, ou um estudo de caso, para publicação.
Os estudos sobre empreendimentos socioambientais concentram-se na Região Sudeste. Faltam pesquisas sobre especificidades regionais particularmente na região amazônica, que apresenta grande potencial para a geração de valor sustentável.
O estudo fez o mapeamento e a análise descritiva de 578 empreendimentos socioambientais atuantes na região amazônica.
O artigo apresenta os primeiros resultados de um mapeamento realizado na região amazônica contribuindo para identificar ações necessárias para a consolidação de negócios socioambientais na Região Norte. Observaram-se concentração de empreendimentos nos estados do Pará e do Amazonas, poucos negócios na fase de tração e escala e prevalência de negócios socioambientais com lógica social, com mecanismos institucionais de participação coletiva.
O estudo chama a atenção para a importância de empreendimentos capazes de enfrentar o cenário de desmatamento e pobreza na região amazônica, com manejo sustentável dos recursos naturais e inclusão de comunidades tradicionais e valorização da cultura local. Também traz recomendações para diversos atores se unirem a fim de fortalecer esses empreendimentos.
Palavras-chave: Amazônia, economia da floresta, negócios socioambientais, negócios da floresta.Resumo