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Universidades se unem em prol da agenda da sustentabilidade

Por Fernando Facury Scaff, superintendente jurídico da USP, e Emmanuel Zagury Tourinho, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Publicado em 15/08/2024 no Jornal da USP

No dia 12 de agosto, foi realizada, no auditório da Biblioteca Brasiliana Mindlin, a abertura da terceira edição do evento multidisciplinar USP Pensa Brasil, coordenado pela vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda. A conferência de abertura foi realizada pelo reitor da Universidade Federal do Pará, Emmanuel Zagury Tourinho, discorrendo sobre múltiplos aspectos das implicações sobre o meio ambiente na Amazônia.

Emmanuel Zagury Tourinho – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Tourinho iniciou sua fala destacando as relações de parceria entre a USP e a UFPA e mencionou a importância para o Brasil da realização da Conferência das Partes sobre Meio Ambiente, a COP 30, que ocorrerá em Belém, Pará, Amazônia, em novembro de 2025. Comentou, também, sobre quatro pontos de relevo para se pensar a Amazônia, que são:

(1) a complexidade da realidade amazônica;
(2) o ponto de não retorno dos sistemas socioculturais que têm mantido a floresta em pé;
(3) os riscos dos novos modelos de bioeconomia;
(4) e a não coincidência entre energia limpa e sustentabilidade.

Por fim, ele indicou que estes quatro temas podem ser um ponto de partida para a construção de agendas de pesquisa colaborativa entre universidades amazônicas e não amazônicas, em particular entre a UFPA e a USP.

Leia na íntegra a fala do professor Tourinho:

A cooperação entre as universidades para a promoção da agenda da sustentabilidade

Nesta abertura da terceira edição do Seminário USP Pensa Brasil, que tem como tema a COP 30, tratarei da colaboração entre as nossas universidades e, em particular, do que uma universidade da Amazônia, como a Universidade Federal do Pará, tem a oferecer no debate colaborativo sobre a questão ambiental e a crise climática. Peço licença para fazer isso reiterando algumas observações que apresentei em momentos recentes.

Começo dizendo que as relações entre UFPA e USP têm enorme valor para o fortalecimento da pesquisa na Amazônia e avançaram muito nos últimos tempos, tanto em extensão quanto em qualidade. Somos duas das maiores universidades brasileiras – a USP é a nossa maior Universidade pública; e a UFPA é a segunda maior universidade federal do país, além de ser a maior instituição acadêmica e científica de toda a Pan-Amazônia.

Somos, também, as duas maiores produtoras de ciência sobre a Amazônia (segundo a Web of Science, principal base de dados internacional) e estamos entre as cinco maiores instituições do País em número de programas de pós-graduação, onde grande parte da ciência brasileira é produzida. Além disso, nossas duas universidades deram início a novos projetos que buscam sintonia com grandes desafios da Amazônia e do País hoje: a UFPA criou o Cisam, o Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia; e a USP criou o Ceas, o Centro de Estudos da Amazônia Sustentável.

No caso do Cisam, acrescento que envolve a formação e consolidação de oito redes temáticas, cooperativas em pesquisa e extensão, com participação de pesquisadoras(es) das 13 universidades federais sediadas na Amazônia.

Penso que a interação entre o Cisam/UFPA e o Ceas/USP pode gerar experiências modelares sobre a cooperação nacional com foco na Amazônia e, para tanto, partimos do reconhecimento mútuo da capacidade científica. Houve uma época em que uma cooperação mais intensa era improvável, pois havia restrita capacidade de fazer ciência na Amazônia. Hoje, esse cenário mudou. Temos instituições muito fortes e um sistema de pesquisa e de pós-graduação robusto na região.

Nossas capacidades são complementares e nossas ações podem contribuir substancialmente não apenas para nos colocar adiante na fronteira do conhecimento em muitas áreas, mas também, e muito importante, para dar à sociedade brasileira condições de compreender e tomar as decisões corretas em políticas públicas que impactam o futuro do País e, em particular, o destino das populações que vivem no território amazônico. Pensamos, na UFPA, inclusive, que empoderar, com ciência, as populações locais para a defesa de seus direitos e de seus territórios constitui uma das principais contribuições que a ciência na Amazônia pode dar.

Assim, embora o tema da COP 30 seja bem mais abrangente, limito minhas considerações ao que acontece na Amazônia. A contribuição diferencial que pesquisadoras e pesquisadores da Amazônia têm a oferecer relaciona-se à maior familiaridade que possuem com a realidade regional, construída ao longo da convivência com o ambiente natural e com as populações amazônicas, com as consequências dos projetos lá implementados nas últimas décadas para a exploração de suas riquezas e com as carências e ameaças que são o cotidiano de seus povos.

O que chamamos de Amazônia, vista de perto, são muitas Amazônias, compostas por grande diversidade de paisagens, de arranjos socioespaciais, de dinâmicas sociais e territoriais, de populações e povos com culturas e entendimentos próprios acerca do que somos e do que deve ser o nosso futuro.

Destaco brevemente quatro pontos que ilustram os desafios de pensar a Amazônia, começando pelo tema da complexidade da região. Uma imagem sugerida pela professora Ana Cláudia Cardoso, pesquisadora da UFPA, ilustra bem este ponto. Segundo ela, os esforços para compreender e definir estratégias de intervenção na Amazônia são comparáveis à tentativa de resolução de um cubo mágico. Tenta-se ajustar um ou outro pedaço do quebra-cabeça e, “quando a solução parece próxima, percebem-se as demais facetas do objeto incompletas”.

Questões ambientais na Amazônia estão, por exemplo, intricadamente articuladas a questões fundiárias, a problemas de saúde pública, a sistemas de transporte, ao acesso à educação e segurança, dentre outros.

A dificuldade de lidar com a complexidade da realidade amazônica é inescapável para todas as pessoas e instituições que voltam suas vistas para a região e está presente em atividades de toda ordem, sejam elas científicas, de formulação e execução de políticas públicas, ou mesmo de apoio a projetos concebidos por atores locais. Há necessidade de reconhecer que os problemas complexos da Amazônia requerem soluções originais e não prontamente acessíveis. Importar soluções de outros contextos tem sido uma receita certa de fracasso em muitas políticas concebidas para a região.

Além disso, o tempo representa uma pressão complicadora. É urgente salvar a floresta, mas não é possível fazê-lo de uma hora para outra, nem mexendo em apenas umas poucas peças do cubo. É preciso modelar soluções e não há consenso sobre o recorte adequado para o início da modelagem: se determinados problemas, determinadas faixas territoriais, determinadas populações alvo etc.

O segundo ponto diz respeito diretamente às dinâmicas de vida das populações. A COP tem como foco a questão climática e há consenso internacional sobre a importância da Floresta Amazônica para conter o aquecimento do planeta com serviços ecossistêmicos, como sequestro e armazenamento de carbono, e produção e distribuição de chuvas (rios voadores).

Hoje, há reconhecimento e algum consenso sobre o papel das comunidades tradicionais na conservação do bioma. Sem o conhecimento ancestral e as práticas históricas de manejo e conservação da floresta desenvolvidas por populações indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas, será muito improvável manter a floresta de pé. As pressões que essas populações sofrem hoje, no entanto, acendem um alerta que gostaria de formular com uma analogia ao que se fala sobre a floresta.

Há uma preocupação global com o eventual ponto de não retorno da Floresta Amazônica, algo previsto para ocorrer daqui a pouco mais de duas décadas. Nas condições atuais, é certo que ocorrerá. Mas há, além disso, outro risco. Estamos muito próximos de um ponto de não retorno do tecido social das populações amazônicas, dos sistemas culturais que exerceram o papel de alicerce para arranjos que sustentaram a floresta em pé por séculos. A lógica das transformações em curso, por vários caminhos, mas, especialmente, pela insegurança fundiária, tende a romper as conexões dessas populações com seus territórios, a afastá-las das terras que têm ocupado ou a forçá-las a um uso diverso do que tem sido a regra e do que garante a integridade do bioma.

São parte do cotidiano de quem vive nas entranhas da Amazônia a ameaça de perda do território com o avanço da fronteira do agronegócio, com todas as suas implicações; a contaminação dos rios por mercúrio e, como decorrência, das pessoas que vivem e se alimentam dos rios; a contaminação de rios e florestas por resíduos da atividade legalizada de exploração e produção mineral; a invasão de terras indígenas e quilombolas por grileiros, garimpeiros ilegais e outros criminosos; doenças endêmicas como malária, febre amarela, tuberculose e hanseníase; conflitos fundiários, com assassinato frequente de lideranças indígenas, quilombolas, de trabalhadores rurais e defensores de direitos humanos; e o tráfico de drogas. Isso tudo associado a alguns dos piores indicadores sociais, onde apenas 50% das residências recebem água tratada e pouco mais de 20% estão ligadas a uma rede de esgotamento sanitário.

Ninguém pode dizer que a floresta permanecerá de pé com a desorganização das comunidades tradicionais, seus deslocamentos forçados, seu assassinato deliberado, seu adoecimento em massa ou sua submissão a outros sistemas de organização social e econômica. Proteger esses sistemas sociais é tão urgente quanto proteger as árvores.

Como a atenção do mundo não se volta com a mesma intensidade para esta dimensão do “risco amazônico”, está muito mais sob a nossa responsabilidade garantir que seja adequadamente considerado. Também, por isso, as populações da Amazônia precisam ter poder de decisão sobre novos projetos para a região e precisam ser beneficiárias diretas desses projetos, não apenas receber “compensações”.

O terceiro ponto relaciona-se diretamente às pressões sofridas pelas populações tradicionais, em suas articulações com a atual ênfase na “bioeconomia” como solução para sua sobrevivência. O aproveitamento sustentável de produtos da floresta e dos rios sempre foi base de sustentação de comunidades amazônicas. Todavia, a bioeconomia que, por séculos, esteve vigente, era uma espécie de sociobioeconomia, em que a natureza e a sociobiodiversidade eram conservadas, com alta taxa de apropriação, pelas próprias comunidades, dos recursos financeiros gerados. O que se coloca em debate agora é, com frequência, algo muito diferente, por exemplo articulado à industrialização de produtos da floresta ou à expansão do comércio para um mercado global, gerando divisas internacionais, o que envolve um risco de reprodução do que assistimos em outros ciclos de exploração de riquezas da Amazônia. A mudança em curso não acontecerá sem consequências.

Bioeconomia significa abordagens diversas para o aproveitamento dos recursos da biodiversidade. Gostaria de sugerir que essas abordagens variem ao longo de continuuns com gradientes variados de três componentes: (a) o aproveitamento econômico na exploração dos recursos; (b) a conservação da integridade dos ecossistemas; e (c) o fortalecimento de sistemas socioculturais. Esses três componentes compõem uma espécie de feixe de múltiplas variáveis, irredutíveis umas às outras e de complexa interconexão. Iniciativas que geram alto aproveitamento econômico dos recursos da biodiversidade podem ou não garantir a conservação da integridade dos ecossistemas e fragilizar sistemas socioculturais; podem ou não garantir, de modo imediato, alguma taxa de conservação do bioma, sem proteção dos sistemas socioculturais.

Se repetirmos experiências passadas, é muito provável que a biodiversidade da Amazônia venha a dar sustentação a projetos em bioeconomia com enorme sucesso econômico para os seus protagonistas financeiros, incluindo os que sempre ganham com os negócios na Amazônia. Isso pode (ou não) acontecer ao custo de maior degradação (ou não conservação) de partes importantes do bioma e, sobretudo, maior empobrecimento das populações locais, inclusive com novos movimentos forçados de migração para as periferias pauperizadas das vilas e cidades.

O quarto ponto que gostaria de citar relaciona-se a uma associação equivocada, por vezes estabelecida, entre energia limpa e renovável e sustentabilidade. Energia limpa é parte da agenda de enfrentamento da crise climática, por razões óbvias, e o Brasil orgulha-se de possuir uma das matrizes mais eficientes nesse terreno, baseada no enorme potencial das bacias hidrográficas do País, com destaque para a Amazônia. Na Amazônia, no entanto, há exemplos contundentes de construção de hidrelétricas com inundação de parcelas consideráveis de florestas, com deslocamentos forçados de populações tradicionais, com comprometimento das condições de vida dessas populações e com desestruturação de seus sistemas socioculturais.

Algo semelhante vem acontecendo com fazendas de energia eólica no Nordeste (que concentra 85% da produção nacional), que têm transformado para pior as condições de vida de comunidades pobres no raio de sua abrangência e impacto, além de consequências negativas para o bioma da Caatinga. Na Amazônia, já há evidências de que interferem com voos migratórios de algumas espécies.

A pergunta, então, é: essa energia é limpa para quem? Sustentável para quem? A questão energética permite ilustrar como a sustentabilidade é matéria que exige uma abordagem multidimensional e interdisciplinar, para muito além da descarbonização e da conservação do potencial de produção. Adiciono um elemento a essa problematização, que ilustra o ponto discutido anteriormente, sobre a complexidade da realidade amazônica.

A contaminação por mercúrio é hoje um dos mais graves riscos a que estão expostas as populações amazônicas e resulta, principalmente, da atividade mineral ilegal na região, algo que acontece em uma escala maior do que se pode imaginar. Pois bem, pesquisadores da Amazônia constaram que não apenas a proximidade às áreas de mineração ilegal favorece a contaminação por mercúrio. As barragens das hidrelétricas podem conter um potencial de agravamento do problema, na medida em que favorecem a concentração de bactérias que transformam o mercúrio em metilmercúrio, a versão mais perigosa do mercúrio, que passa a ser parte da cadeia alimentar.

Segundo os pesquisadores, “evidências recentes demonstraram que as populações que vivem perto de UHEs podem ter níveis de mercúrio no cabelo semelhantes ou até mais elevados do que os níveis encontrados em populações próximas a regiões de mineração. Estes dados apoiam a noção de que as barragens têm o potencial de mobilizar mercúrio e, consequentemente, contribuir para a contaminação ambiental e a exposição humana”.

Os quatro temas citados (a complexidade da realidade amazônica, o ponto de não retorno dos sistemas socioculturais que têm mantido a floresta em pé, os riscos dos novos modelos de bioeconomia e a não coincidência entre energia limpa e sustentabilidade) podem ser um ponto de partida para a construção de agendas de pesquisa colaborativa entre universidades amazônicas e não amazônicas, em particular, entre a UFPA e a USP.

Agradeço e parabenizo a USP por esta oportunidade de diálogo, na expectativa de que nossas instituições construam, em parceria, grandes contribuições da ciência brasileira para o enfrentamento do desafio climático e, nesse contexto, de conservação do bioma e de desenvolvimento social dos povos e populações da Amazônia.

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Cientistas e povos da floresta juntos pela Amazôna

Agência FAPESP – Elton Alisson, de Belém.
Publicado em 12 de julho

A descoberta nas últimas décadas de milhares de sítios arqueológicos na Amazônia tem contribuído para mudar a perspectiva sobre o passado da maior floresta tropical do mundo. Esses locais, onde ficaram preservados os testemunhos e evidências de atividades de populações tradicionais, contudo, estão sob o risco de serem destruídos pelo avanço do desmatamento, do garimpo e das mudanças climáticas, entre outros fatores.

Por meio de tecnologias emergentes, como a de sensoriamento remoto aerotransportado “Lidar” (acrônimo em inglês para light detection and ranging), pesquisadores brasileiros, em parceria com povos da floresta, estão mapeando esses sítios arqueológicos em áreas ameaçadas da Amazônia, a fim de lhes conferir maior proteção.

Resultados preliminares do projeto, intitulado “Amazônia revelada”, foram apresentados em uma mesa-redonda realizada na terça-feira (09/07), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento vai até amanhã (13/07) no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

“A ideia é fazer sobrevoos usando essa tecnologia para identificar esses sítios arqueológicos e registrá-los em órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [Iphan] para que recebam uma camada adicional de proteção. No mínimo terá de ser feito algum tipo de licenciamento antes da realização de qualquer projeto [nas áreas onde estão localizados esses sítios]”, explicou Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP).

Para realizar o mapeamento, os pesquisadores participantes do projeto, financiado pela National Geographic Society e apoiado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre outras instituições, inicialmente conversam com representantes das populações que vivem nos locais onde há evidências da existência de sítios arqueológicos para saber se há interesse ou não de que sejam mapeados.

“Não queremos pegar um avião e sair voando por aí porque seria, mais uma vez, uma forma de reproduzir práticas colonialistas científicas”, avaliou Neves.

Algumas das populações já consultadas e que deram aval para sobrevoos foram uma comunidade quilombola em Costa Marques e o povo indígena Amondawa da Aldeia Trincheira, em Rondônia. “Essa é uma região de muito conflito e que temos evidências de destruição de sítios arqueológicos decorrentes de ocupações recentes”, afirmou Neves.

Os pesquisadores pretendiam sobrevoar a região do Alto Xingu, mas cancelaram o plano após conversas com representantes do povo indígena Kuikuro. “Eles não queriam que sobrevoássemos por enquanto a terra deles porque a nossa ideia é tornar públicas as informações e não querem que outras pessoas saibam da existência daqueles locais que são importantes para eles”, contou Neves.

Com a mudança de planos, o novo local escolhido foi a ilha de Marajó, no Pará, onde há evidências de criação de estruturas artificiais. “Ao olharmos para escavações arqueológicas feitas na região, observamos uma série de cores diferentes que são camadas construtivas de aterros feitas por populações que ocuparam Marajó no primeiro milênio da era comum, a partir de mais ou menos 400 anos depois de Cristo, até o segundo milênio. Esses aterros foram construídos, ocupados e serviam como locais de cemitério”, contou o pesquisador.

Outra região que será sobrevoada é a Terra do Meio, no Pará, atravessada pelo rio Xingu e afluentes e formada por reservas, unidades de conservação e as terras indígenas Cachoeira Seca, Xipaya e Kuruya. Alvo de de garimpeiros ilegais, a região também sofre com desmatamentos e roubo de madeira.

“Nos juntamos ao ISA [Instituto Socioambiental], que tem feito um trabalho muito antigo naquela região, para realizar mapeamentos participativos comunitários. Os locais de sobrevoo foram decididos a partir de oficinas realizadas com os moradores da região”, relatou Neves.


Neves apresentou a pesquisa no dia 13 de julho, durante a Reunião Anual da SBPC (foto: Elton Alisson/Agência FAPESP)

Primeiros resultados

Em razão do grande número de queimadas na Amazônia no ano passado, não foi possível realizar a maior parte dos sobrevoos programados. Este ano, o trabalho foi iniciado mais cedo e já começou a produzir os primeiros resultados.

Por meio de sobrevoos feitos em uma região situada entre o Acre, o sul da Amazônia e Rondônia, foi possível identificar um sítio arqueológico composto por estruturas geométricas triangulares e circulares associadas a estradas.

“Estamos conseguindo demonstrar que essas estruturas geométricas vão muito mais ao norte do que se pensava. Elas atravessam o rio Purus, no sul do Amazonas, e talvez cheguem até o Solimões. Mas não sabemos ainda”, ponderou Neves.

Já na Serra da Muralha, em Rondônia, foi possível identificar outro sítio arqueológico, composto por uma muralha de pedra e estruturas de alvenaria associadas a uma estrada. Na região está localizado um dos maiores parques nacionais da Amazônia, o Mapinguaria, cuja extremidade oeste foi invadida por um garimpo em 2019.

“Queremos começar a fazer o registro desses sítios arqueológicos para patrimonializar esses locais e criar um caminho para proteger essas áreas ameçadas”, afirmou Neves.

De acordo com o pesquisador, atualmente há mais de 6 mil sítios arqueológicos cadastrados em toda a bacia amazônica. Na opinião dele, contudo, esse número está subestimado.

“Em qualquer lugar que a gente vá, no interior da Amazônia, nunca deixamos de achar um sítio arqueológico. A questão é saber o que fazer com eles.”

Na avaliação do pesquisador, é preciso pensar a Amazônia não somente como um patrimônio natural, mas também biocultural, como um produto da história das populações tradicionais que incluem não somente os povos indígenas, mas também populações quilombolas, ribeirinhas e beiradeiros, que vêm ocupando a região há pelo menos 13 mil anos.

“Essa ideia de pensar a Amazônia como um lugar histórico, não só como patrimônio natural, mas como patrimônio biocultural, serviu de base para as pesquisas arqueológicas e tem orientado nossas atividades na região nos últimos 30 anos”, disse o arqueólogo.

Resultados de estudos anteriores conduzidos por Neves com apoio da FAPESP podem ser encontrados em: agencia.fapesp.br/51197, agencia.fapesp.br/40304 e agencia.fapesp.br/39387.

Mais informações sobre a 76ª Reunião Anual da SBPC estão disponíveis em: https://ra.sbpcnet.org.br/76RA/.

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Cientistas pedem ações urgentes para enfrentamento da crise nutricional dos Yanomami

Agência FAPESP* –José Tadeu Arantes | Agência FAPESP
foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma forte denúncia sobre as condições de saúde da população infantil Yanomami foi publicada na revista Nature Medicine por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O artigo, assinado por Thiago dos Reis Araujo, Ana Paula Davel e Everardo Magalhães Carneiro, revela que as crianças dessa etnia estão atualmente enfrentando os déficits nutricionais mais graves entre as populações indígenas da América; que aproximadamente 570 crianças morreram de fome nos últimos quatro anos; e que, em 2022, 52,2% das crianças menores de 5 anos estavam desnutridas, um número muito acima da média global, de 29,1%.

A Terra Yanomami é a maior reserva indígena do Brasil. Em 2019, seu território sofreu aumentos substanciais de mineração ilegal, incêndios e desmatamento, sem qualquer medida efetiva de controle por parte do então governo federal. O conjunto de problemas acumulados levou o atual governo a declarar uma crise de saúde pública na área. “A ministra do Ministério dos Assuntos Indígenas no Brasil, Sônia Guajajara, destacou que as ações para melhorar o estado nutricional da população Yanomami são uma necessidade imediata. No entanto, a desnutrição, particularmente durante a infância, pode resultar em consequências de saúde de longo prazo e aumentar o risco de doenças na idade adulta. Esse risco persiste mesmo após a reabilitação nutricional”, afirma Davel.

E Magalhães Carneiro explica: “Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, propuseram a hipótese do ‘fenótipo poupador’. Esta afirma que indivíduos expostos à desnutrição durante estágios críticos de desenvolvimento, como a vida intrauterina, a lactação e a primeira infância, são suscetíveis à formação e funcionamento prejudicados de vários órgãos, tornando-os mais vulneráveis a desenvolver doenças na idade adulta”.

Tal hipótese foi corroborada por dados da chamada “fome holandesa”, de 1944-1945. Nesse biênio, com os Países Baixos invadidos por tropas da Alemanha nazista, 4,5 milhões de pessoas sofreram de fome extrema. Os bebês nascidos durante o período ou pouco depois exibiram menor peso ao nascer e menor tamanho corporal. E, quando alcançaram a fase adulta, essas pessoas apresentaram propensão a vários problemas de saúde, resultantes de deficiências nutricionais, e maior taxa de mortalidade.

“A desnutrição infantil provoca várias modificações estruturais e funcionais, predispondo o futuro adulto a maiores prevalências de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e distúrbios cognitivos e de personalidade”, afirma Magalhães Carneiro. Essa informação é muito importante, porque existe a falsa ideia de que, uma vez identificado um quadro agudo de desnutrição, basta alimentar bem ou superalimentar as pessoas afetadas para que tudo volte ao normal. “Ao contrário, a reabilitação nutricional deve ser conduzida com muito cuidado, porque os organismos não estão preparados para metabolizar grandes quantidades de nutrientes”, prossegue o pesquisador.

Um agravante é que os danos causados pela desnutrição crônica podem ser transmitidos de uma geração a outra. Estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Manaus e no Rio de Janeiro já mostraram que as crianças Yanomami têm alta prevalência de nanismo associada à redução do tamanho materno.

O artigo afirma que “ações estratégicas são urgentemente necessárias para antecipar e mitigar as consequências de longo prazo da desnutrição para a saúde da população Yanomami”. E conclama governos, universidades, institutos de pesquisa e agências de financiamento a unificar esforços nesse sentido, lembrando que “qualquer intervenção nutricional ou estratégia deve ser planejada e culturalmente adaptada, bem como estendida a áreas e municípios próximos às comunidades Yanomami”.

Além disso, ressalta que as estratégias relativas à saúde da população Yanomami não podem ser desvinculadas da proteção territorial, de uma forte gestão ambiental, com o controle da mineração e da exploração de recursos naturais e de compensações socioambientais e políticas que protejam os direitos das terras indígenas.

Os três autores integram o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Magalhães Carneiro é um dos pesquisadores principais da instituição e também coordena um Projeto Temático financiado pela FAPESP.


O artigo Life-long health consequences of undernutrition in the Yanomami indigenous population in Brazil pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41591-024-02991-y.

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Decreto institui estratégia nacional de bioeconomia

No Dia Mundial do Meio Ambiente, decreto cria uma Estratégia Nacional de Bioeconomia. Entre os objetivos da estratégia estão ampliar “a participação nos mercados e na renda de povos Indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares” e promover o desenvolvimento “a partir do uso dos recursos biológicos, de base ambiental, social e economicamente sustentáveis”. 

O decreto prevê a indicação de uma Comissão Nacional de Bioeconomia, com a participação de pessoas do governo e da sociedade, para formular em apenas 60 dias um Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, a fim de pôr em prática a estratégia.

O plano definirá recursos, ações, responsabilidades, metas e indicadores para o setor. A comissão será indicada pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Desenvolvimento e da Fazenda. Um Sistema Nacional de Informações e Conhecimento sobre a Bioeconomia, a cargo da pasta de Marina Silva, será criado para dar subsídios à implementação do plano.”  

A apresentação é parte da matéria de Claudia Antunes para a revista Sumaúma, publicada em 10 de junho de 2024, “A grande disputa da bioeconomia.

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Bioeconomia para quem?

Bioeconomia e sustentabilidade
USP Pensa Brasil 2024

Vídeoensaio, apresentação da obra

Esse video reúne clipes produzidos por organizações amazônicas, entrevistas com lideranças e imagens captadas pelas expedições de pesquisa realizadas pelos coautores do livro ‘Bioeconomia para quem? Bases para um Desenvolvimento Sustentável na Amazônia.’

Programa

16h30 – Recepção dos participantes na Sala Villa Lobos da BBM 

17h00 às 18h30 Seminário Bioeconomia na Amazônia 
Sala Villa Lobos do Espaço Brasiliana da Universidade de São Paulo. 

  • Desafios e Conceitos de Produtos Florestais Não Madeireiros 
  • Cadeias de valor do pirarucu, do cacau, da meliponicultura, do açaí
  • Meta-organizações e Inovações Sustentáveis
  • Biodiversidade nas práticas agrícolas dos povos indígenas
  • Bioeconomia e restauração florestal na Amazônia
  • Bioeconomia Amazônica e Cidadania

18h30 as 19h00 Lançamento da obra coletiva “Bioeconomia para quem? Bases para um Desenvolvimento Sustentável na Amazônia no Auditório do Espaço Brasiliana da Universidade de São Paulo

19h00 às 19h30 – Intervalo

19h30 às 21h30 “Bioeconomia e sustentabilidade”
no Auditório do Espaço Brasiliana da Universidade de São PauloPrograma completo no site do Pensa Brasil 2024

Sobre a obra

Nesta obra, configura-se o engajamento voluntário na formulação de prioridades ambientais monitoradas por métricas, e alarga-se um debate que, antes, era restrito ao âmbito do Estado provedor. É cada vez mais oportuna e forte a presença da sociedade brasileira organizada neste
campo de análise, que também mobiliza, em escala planetária, o interesse da comunidade científica internacional.

Lançado no ano do G20 Brasil e um ano antes da Cúpula Mundial do Clima, em Belém do Pará, este livro traz relevante contribuição de universidades e outras instituições públicas ao tema da bioeconomia, com ênfase na função inclusiva que deve exercer na Amazônia de hoje.

Nas democracias, a voz da sociedade exprime suas expectativas ao poder constituído, mas também propõe os meios que julga adequados para atendê-las.

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Respeito ao protagonismo dos povos da Amazônia

Diego Coppio. FEA-USP, 11 de março de 2024
Imagens de Marcos Santos

A exploração da Amazônia da forma que é feita atualmente é injusta com os nativos da região, que têm seus conhecimentos sobre o território invalidados e desrespeitados. A opinião é do secretário do Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira (foto à dir). “A agenda de meio ambiente tem que ter outro olhar, não é de domínio europeu. A nossa agenda é de quem sofre os impactos das mudanças climáticas da maneira mais perversa e não tem como se adaptar: uma agenda que descarta o conhecimento tradicional associado ao uso dos recursos naturais para sua própria existência. Quando você muda esse regime de conhecimento, você perde a capacidade de conexão das populações originárias com a realidade onde eles são mestres e doutores”.

O secretário Eduardo Taveira esteve na FEA nos dias 19 e 20 de fevereiro, junto com o reitor da UFPA (Universidade Federal do Pará), Emmanuel Zagury Tourinho, para debaterem os desafios do desenvolvimento sustentável e da governança ambiental na Amazônia. As palestras fizeram parte da programação da Disciplina Concentrada “Governança Ambiental: Bioeconomia na Amazônia”, organizada pelos professores Jacques Marcovitch e Maria Sylvia Saes, através do Projeto Bioeconomia – Estudo das Cadeias de Valor no Estado do Amazonas – da FEAUSP. Antes do debate, o reitor da UFPA foi recepcionado pelo reitor da USP, Carlos Carlotti, e pela diretoria da FEA.

Na ocasião, os palestrantes ressaltaram a necessidade de assegurar o protagonismo intelectual e decisório aos povos nativos da Amazônia, ao invés da prevalência de políticas externas que enxergam a Amazônia como um território a ser integrado ao restante do país. 

Emmanuel Tourinho, Reitor da Universidade Federal do Pará

Emmanuel Tourinho, Reitor da Universidade Federal do Pará

“É incrível como o Brasil manteve a política de desenvolvimento ao longo dos anos de negar a realidade amazônica, de apagá-la, domesticá-la e de não reconhecer a prioridade do conhecimento sobre biodiversidade e manejo inerente às populações tradicionais. A Amazônia sempre foi vista como um lugar a ser integrado, fora do eixo, a ser conquistado. Parece que nunca fizemos parte da realidade brasileira “, denunciou Taveira. 

Essa é a lógica do “princípio do vazio”. Segundo o reitor da UFPA Emmanuel Tourinho (foto à esq.), trata-se da ideia de que a Amazônia é um território de baixa densidade populacional com extensas faixas de território desocupado, que orienta grande parte das decisões sobre políticas públicas para a região, tomadas por agentes externos, que julgam dispensável a inclusão de populações nativas em papéis de protagonismo.

Busca por soluções

Para Emmanuel Tourinho, a resposta do problema envolve o investimento na pesquisa acadêmica e participação ativa de movimentos sociais na região. “Eu me admiro de não haver políticas públicas que aproveitem a capacidade de atuação das universidades, elas são muito enraizadas na realidade social. Onde tem universidade é diferente, há maior consciência ambiental, maior luta por direitos, maior conservação dos biomas, maior renda porque a economia também aquece. Recentemente foi publicado um estudo sobre o que se conhece da biodiversidade amazônica. E os locais onde mais se conhece têm a ocorrência de universidades”.

O reitor da UFPA alega haver um subfinanciamento nas universidades da região amazônica, quando comparadas com as do Sudeste. Segundo ele, a UFPA é a segunda maior federal do país, com mais de 50 mil alunos, e possui orçamento menor que algumas federais do sul e sudeste, mesmo com um contingente maior de alunos. “É preciso entender que, se for para salvar a Amazônia, então fortaleça as instituições da Amazônia. O fortalecimento das universidades da Amazônia não concorre com as outras. Se existir uma rede de excelentes universidades na Amazônia, não vai diminuir nenhuma universidade de outro lugar, só vai fortalecer todo mundo”, argumentou Tourinho.

Tendo isso em pauta, a UFPA criou, em 2023, o Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia (CISAM), uma rede de pesquisadores que engloba as 13 universidades localizadas na Amazônia Legal. “O CISAM busca produzir respostas interdisciplinares e multidimensionais para os problemas da Amazônia, em ações que não duram o tempo de um projeto, mas são perenes, envolvem conhecer e promover a procriação do conhecimento pela sociedade”, explicou o reitor da UFPA. Composto por oito redes temáticas de pesquisa, o CISAM busca integrar em seu funcionamento a ideia de protagonismo do conhecimento amazônico obtido através da interação com a realidade da região, e de pesquisas formuladas no território, em detrimento de projetos importados de outras realidades.

Além da falta de protagonismo decisório da população amazônica, o secretário do Meio Ambiente do Amazonas acredita que o excesso de burocracias e a agenda política também interferem na formulação de políticas públicas em prol do desenvolvimento sustentável na região. Taveira citou o Fundo Amazônia, criado em 2008, como um mecanismo eficiente, mas que teve suas operações paradas por quatro anos, até ser retomado por sua gestão. “É um fundo associado a doadores, que colocam recursos a partir da aposentadoria das emissões. É um mercado voluntário. Mas o Fundo Amazônia também precisa se desburocratizar, da maneira que está hoje, é muito difícil que estados e universidades públicas executem os recursos”, explicou.

Lucas Xavier (UESC), Sylvia Saes ( Vice diretora da FEA/USP), Jacques Marcovitch ( Projeto Bioeconomia),  Carlos Carlotti Jr (Reitor da USP), 
Dolores Montoya ( Diretora da FEA/USP),  Emmanuel Tourinho ( Reitor da UFPA)  João Paulo Capobianco ( Secretário Executivo do MMA), Carlos Pacheco (Diretor-presidente da Fapesp)  João Arthur Reis ( Amazonia + 10 da Fapesp)
Lucas Xavier (UESC), Sylvia Saes (Vice diretora da FEA/USP), Jacques Marcovitch (Projeto Bioeconomia),  Carlos Carlotti Jr (Reitor da USP), Dolores Montoya (Diretora da FEA/USP),  Emmanuel Tourinho (Reitor da UFPA)  João Paulo Capobianco (Secretário Executivo do MMA), Carlos Pacheco (Diretor-presidente da Fapesp) e João Arthur Reis (Amazonia + 10 da Fapesp)

“Vale a reflexão a respeito de mecanismos rápidos de transferência de recursos. Temos que ter a capacidade de desenvolver um mercado de ativos ambientais, seja por meio de florestas manejadas, de ativos e recursos genéticos presentes na biodiversidade, no reconhecimento e valorização do conhecimento tradicional associado ao uso desses recursos”, concluiu Taveira.

O secretário ainda mencionou o Fundo Verde para o Clima, criado em 2010 na COP-16, dedicado ao financiamento de projetos em países vulneráveis que objetivem a redução das emissões de carbono e das mudanças climáticas. Para Taveira, o projeto ainda está distante das metas propostas, sendo que a intensa burocratização também é um percalço no acesso aos recursos. “Os países ricos não fizeram sua parte em uma agenda ambiental importante para corrigir as injustiças climáticas proporcionadas por um sistema de crescimento global no qual somos apenas geradores de matéria prima. Por isso que a agenda ambiental é geopolítica. No fundo, todos ficam jogando a responsabilidade de quem vai dar o primeiro passo. Mas se falamos de justiça climática, não são as regiões pobres a causa das mudanças”, defendeu.

Preparações para a COP-30 em Belém

Emmanuel Tourinho comentou sobre a realização da COP-30 em 2025, sediada em Belém. Segundo o reitor da UFPA, a universidade receberá a 76ª cúpula anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em julho de 2024. Ele acredita que essa reunião possa servir como uma preparação da comunidade científica brasileira para a Conferência das Nações Unidas. “Estarão lá muitos dos principais cientistas brasileiros discutindo o futuro do país e do planeta no território amazônico, acolhidos pela instituição cuja vocação maior é pensar a Amazônia”, disse.

“Para o período da COP-30, em 2025, o que a UFPA pretende é construir uma programação de debates sobre a Amazônia que reúna cientistas e lideranças da sociedade. Uma espécie de COP da ciência e dos movimentos sociais pela Amazônia. Para essa programação, além de pessoas da própria região, esperamos contar com a participação de colaboradores brasileiros e estrangeiros que estejam interessados em saber o que pensa quem vive na região fazendo ciência ou então pela sobrevivência. Ainda não sabemos se essa programação ocorrerá como parte da COP 30 ou como iniciativa independente da UFPA e seus parceiros”, concluiu Tourinho. 

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Nova tecnologia para detecção da contaminação por mercúrio

A atividade minerária desregulada é uma fonte de contaminação por mercúrio, utilizado nas etapas finais de lavagem de sedimentos na lavra do ouro. Esse uso indiscriminado do metal impõe ao bioma amazônico, um desequilíbrio em cadeias inteiras de seres vivos e sua detecção é historicamente complicada e cara.

Novas tecnologias de detecção de mercúrio por meio de marcadores bioquímicos desenvolvidos na UNESP podem ampliar o entendimento sobre a disseminação do mercúrio ao longo de cadeias biológicas e contribuir para os debates sobre regulação do uso e disponibilidade do elemento.

Leia a matéria completa no Jornal da UNESP

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Avaliação da Cúpula da Amazônia

A Cúpula da Amazônia reuniu pela quarta vez chefes de Estado e representantes dos países da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica).  A declaração firmada em 08 de agosto de 2023 registra a agenda conjunta de ações firmada pelos países da OTCA.  

Para avaliar os resultados e impactos da Cúpula da Amazônia, o Projeto Bioeconomia reuniu em 16 de agosto de 2023 os pesquisadores Adalberto Luís Val (INPA), José Augusto Lacerda Fernandes (UFPa) e João Meirelles Filho (Instituto Peabiru de Belém) para compartilhar sua análise e comentários sobre os seguintes temas:

  • 1.Contexto da Cúpula da Amazônia 2023
  • 2.Principais resultados da Cúpula da Amazônia 2023
  • 3. Impactos da Cúpula da Amazônia 2023
  • 4. Monitoramento dos impactos: metricas e indicadores
  • 5. Como preparar a COP 30?  Como construir o futuro ?

A Declaração da Cúpula da Amazônia inclui, entre outros princípios e compromissos, a institucionalização de novas inciativas como a Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento, o Observatório de Mulheres Rurais para a Amazônia; o Observatório da Situação de Defensores de Direitos Humanos, do Meio Ambiente e de Povos Indígenas; e a Rede de Inovação e Difusão Tecnológica da Amazonia.

O tema Economia para o desenvolvimento sustentável consta dos itens 71 a 84 da Declaração da Cúpula da Amazônia

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Lacunas de pesquisas ecológicas no território da Amazônia brasileira

Karina Ninni | Agência FAPESP – Existem áreas pouco investigadas cientificamente na Amazônia brasileira, por diversos motivos. Um artigo publicado na revista Current Biology por cientistas do mundo todo reunidos no Consórcio Synergize revela não só as áreas, mas também os fatores que determinam esses gaps de investigação ecológica, abrindo possibilidades para orientar pontualmente o planejamento de novos investimentos em pesquisa na região.

Entre 15% e 18% das áreas com biodiversidade mais negligenciadas na Amazônia brasileira também mostram alta suscetibilidade às mudanças climáticas até 2050

Entre 15% e 18% das áreas com biodiversidade mais negligenciadas na Amazônia brasileira também mostram alta suscetibilidade às mudanças climáticas até 2050

O trabalho utilizou informações de 7.694 locais onde ocorreram investigações ecológicas para avaliar como a logística e a influência antrópica nas florestas explicaram a chance de diferentes regiões da Amazônia receberem pesquisas. O período analisado foi de 2010 a 2020, abrangendo estudos de nove grupos de organismos: invertebrados bentônicos (que habitam o fundo dos oceanos, estuários, rios e lagos ou vivem associados a substratos como sedimentos, rochas, troncos e plantas aquáticas), heterópteros, odonatas (grupo popularmente conhecido como “zigue-zague” ou “lavadeira” e que também inclui as libélulas), peixes, macrófitas, aves, vegetação lenhosa, formigas e besouros rola-bosta.

“O consórcio reuniu pessoas que contribuíram com bancos de dados sobre inventários padronizados e estudos que apresentassem esforços amostrais similares. Capturamos informação sobre três grandes grupos representativos da biodiversidade da Amazônia: animais vertebrados, invertebrados e a flora de florestas de terra firme, florestas alagáveis e de ambientes aquáticos (igarapés, rios e lagos). Este é o primeiro trabalho que o grupo publica”, explica o biólogo Mario Ribeiro de Moura, do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp), um dos autores do artigo e integrante do consórcio.

As descobertas indicam que 15% a 18% das áreas com biodiversidade mais negligenciadas na Amazônia brasileira também mostram alta suscetibilidade às mudanças climáticas até 2050. A região em que há menor volume de pesquisas coincide com parte das áreas ameaçadas nas proximidades do arco do desflorestamento, região que contorna os limites sul, sudeste e leste da Amazônia e se concentra em parte dos Estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.

Os dados revelam ainda que as maiores lacunas na pesquisa ecológica na Amazônia aparecem em ambientes de terra firme. “Isso é esperado e provavelmente reflete o papel que a rede de vias navegáveis da região tem em facilitar o acesso a florestas alagáveis (várzeas e igapós) e ambientes aquáticos.” Não por acaso, os cenários menos pessimistas aparecem ao longo dos rios, no nordeste do Pará e de Roraima, no sudeste do Acre e no norte de Rondônia. “Nesses locais teremos impactos menores das mudanças climáticas para o futuro, e o conhecimento que temos sobre as comunidades de espécies deles é melhor.”

O estudo foi apoiado pela FAPESP por meio de duas Bolsas de Pós-Doutorado no Brasil. Uma das Bolsas foi concedida a Raquel de Carvalho e outra a Angélica Faria de Resende. Moura foi apoiado no âmbito de um Auxílio Jovens Pesquisadores e uma Bolsa no Brasil.

Fatores impactantes

Os cientistas mapearam as áreas mais negligenciadas em pesquisa ecológica na Amazônia e a esse mapa sobrepuseram as áreas que mais seriam afetadas pelas mudanças climáticas, segundo uma métrica que reflete sua intensidade. Para os dados sobre desmatamento e degradação, usaram um estudo recente publicado na Science sobre os drivers de desmatamento na Amazônia. O cruzamento de dados revela que a pesquisa ecológica na Amazônia ocorre com mais frequência em ambientes já desmatados do que naqueles em que se espera desmatamento nas próximas três décadas.

“Estamos em ritmo de mudanças ambientais aceleradas, incluindo mudanças climáticas e transformações das paisagens. Para entendermos como essas mudanças afetam a biodiversidade, é preciso saber o que havia em determinada região antes que essas mudanças aconteçam. E a Amazônia é um dos últimos resguardos de biodiversidade tropical significativamente preservada, sendo essencial para compreender o efeito isolado de mudanças climáticas e destruição de hábitats sobre a biodiversidade. O estudo mostra áreas com alto risco de sofrerem modificações ambientais nos próximos anos e que ainda são desconhecidas para nós. Sem o conhecimento ecológico adequado, não será possível saber o que está mudando ou o que está sendo perdido,” diz Moura.

No que diz respeito à logística, a acessibilidade e a distância de instalações de pesquisa são importantes preditores da probabilidade da realização de trabalhos científicos. “O acesso é uma faca de dois gumes e a região do arco do desflorestamento comprova. A facilidade de acesso permite que os pesquisadores alcancem mais áreas, por isso há uma parte desse imenso arco sobre a qual já se sabe bastante. Mas, permite que os desmatadores e outros com piores intenções também cheguem lá. E ainda há pouca informação sobre as áreas ameaçadas que se localizam na fronteira do arco do desflorestamento”, afirma Moura.

O acesso aumentou com a proximidade de transporte e de instalações de pesquisa para todos os organismos de terra firme e para a maioria dos representantes de florestas alagáveis e hábitats aquáticos. “A duração da estação seca determina a facilidade de acesso por hidrovias. Nas florestas alagáveis, quanto menor a estação seca, maior é a possibilidade de acesso fluvial, o que contribui para ocorrências de pesquisas. Já nas áreas de terra firme, a estação seca mais pronunciada facilita o acesso terrestre, há menos lama envolvida e ausência de trechos alagados.”

A degradação florestal e a posse da terra também mostraram um efeito modesto, mas de importância consistente, em todos os grupos de organismos estudados na região. Esses dois fatores afetaram a pesquisa ecológica, com a probabilidade de pesquisa diminuindo ligeiramente em áreas degradadas e Terras Indígenas, mas aumentando em Unidades de Conservação. Resumindo: faz-se menos pesquisa em áreas degradadas e mais pesquisa em Unidades de Conservação do que em Terras Indígenas.

“É mais difícil viabilizar o acesso a comunidades indígenas ou talvez faltem mecanismos administrativos que conectem pesquisadores com órgãos que regulam o acesso às Terras Indígenas e com as próprias comunidades indígenas. Precisamos melhorar a integração entre as partes envolvidas e, sobretudo, envolver as comunidades locais no processo de geração de conhecimento. Nas Unidades de Conservação a quantidade de pesquisa é bem maior que nas Terras Indígenas, embora ambas sejam um tipo de área protegida”, diz o pesquisador.

Na avaliação de Raquel de Carvalho, essa distribuição é problemática, considerando que as terras indígenas ocupam cerca de 23% da Amazônia brasileira. “Ao mesmo tempo, várias terras indígenas são ainda as áreas mais preservadas do bioma amazônico. Seria muito interessante ter pesquisas nessas áreas”, ela diz.

Novas estratégias

Segundo Moura, a floresta amazônica está sub-representada em bancos de dados globais usados como base para estudos sobre biodiversidade. “Alertamos para a necessidade de integrar as informações que temos sobre a Amazônia aos bancos de dados globais e citamos alguns projetos com os quais o Consórcio Synergize pode contribuir de forma mais intensiva. As informações reunidas para o trabalho atendem, em grande parte, aos requisitos de outros bancos de dados existentes, sendo úteis para melhorar a representatividade da biodiversidade amazônica em novos estudos sobre mudanças globais. A partir deste trabalho, o consórcio visa se estabelecer como uma rede de colaboração importante para outros grupos de pesquisa interessados em atuar com mudanças ambientais na Amazônia.” O Synergize é coordenado por Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, e Filipe França, da Universidade de Bristol, com orientação de Jos Barlow, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

Para o biólogo, os resultados do grupo deverão servir para orientar o estabelecimento de novas estratégias de financiamento dentro da Amazônia. “Sabendo onde estão as lacunas, os investimentos para conservação e a pesquisa da Amazônia podem mirar esses locais ou dar maior peso para as propostas que contemplem pesquisas nesses locais em futuras chamadas e editais. As políticas públicas podem levar esses resultados em consideração no planejamento de novas ações e programas de monitoramento e inventariamento da biodiversidade amazônica.”

O artigo Pervasive gaps in Amazonian ecological research pode ser acessado no endereço: https://doi.org/10.1016/j.cub.2023.06.077

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O conceito de Bioeconomia no contexto amazônico

Reprodução. Jornal da FEA.
Cacilda Luna

Paulo Moutinho, cofundador do IPAM, durante o I Workshop de Bioeconomia INPA/USP

O cofundador do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Paulo Moutinho, disse que existe um “paradoxo” sobre o conceito de bioeconomia e defendeu uma discussão para se definir o sentido do termo que se quer adotar dentro do contexto amazônico. Segundo ele, “há uma profusão cada vez mais rápida de conceitos diferentes, cujo efeito de grande guarda-chuva pode matar todo o potencial da bioeconomia e do seu desenvolvimento, especialmente na região amazônica”. Moutinho participou do I Workshop de Bioeconomia, promovido pela FEAUSP em conjunto com o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), com o objetivo de discutir formas sustentáveis para a geração de emprego, renda e bem-estar na Amazônia. O evento foi coordenado pelo professor Jacques Marcovitch (FEAUSP).

O pesquisador sênior do IPAM afirmou que temos de “fugir da maquiagem” e fazer algo transformador, caso contrário estaremos colocando o prefixo “bio” na frente de todo tipo de economia desenvolvida na região amazônica. “Já escutei que produção de soja transgênica é uma expressão da bioeconomia, assim como uma atividade produtiva livre de fósseis, uma produção sustentável de madeira, ou mesmo o aumento de produtos florestais amazônicos. E temos outras coisas bem estranhas: a produção de óleo em terra indígena é bioeconomia porque traz royalties para os índios continuarem a ter o modo de vida preservado e seus direitos preservados”.

Paulo Moutinho citou como principal exemplo do uso inadequado do termo aquele que é considerado o ícone da bioeconomia da Amazônia: o açaí. Ele lembrou que houve uma supervalorização da produção do fruto nos últimos anos, superando até a rentabilidade da carne e da soja. Mas destacou que é necessário definir qual tipo de produção de açaí queremos qualificar como bioeconomia.

O cofundador do IPAM alertou que existe hoje uma série de métodos de produção de açaí, cuja demanda crescente estaria destruindo, em grande parte, o modo de produção tradicional dos ribeirinhos, resultando no que ele chamou de “açaização da paisagem amazônica”. Moutinho citou como principais métodos de produção a “produtivista” e a “conservacionista”. “A produtivista aumenta realmente a produção de açaí em duas ou três vezes, mas há um custo de redução de 50% da riqueza florística onde esse açaizal está implementado”, analisou o pesquisador.

Paulo Moutinho acredita que “não basta ter um produto ou uma cadeia de valor estruturada, produzindo algo que sai da floresta ou da região amazônica, para chamá-los de bioeconomia. Falar em açaí como sinônimo de bioeconomia é algo que a gente precisa se aprofundar mais”. Disse que não estava trazendo a solução para o problema, mas levantando pontos importantes para conceituar a bioeconomia amazônica e identificar as premissas fundamentais para o desenvolvimento sustentável da região.

Workshop: prioridades para o estudo da bioeconomia

A abertura do Workshop de Bioeconomia teve a participação do diretor da FEAUSP Fábio Frezatti, do diretor científico da FAPESP Luiz Eugênio Mello, além de Carlos Roberto Bueno (Fundação Amazônia Sustentável), Paulo Moutinho (IPAM) e Eduardo Coelho Cerqueira (UFPA). Os especialistas apresentaram as prioridades para o estudo da bioeconomia na Amazônia.

O pesquisador do IPAM, Paulo Moutinho, apontou o “desmatamento zero” como a principal prioridade. “Não há mais como avançar qualquer ação de bioeconomia onde se tenha, com muito poucas exceções, o avanço do desmatamento, seja ele ilegal ou legal. Caso contrário, a própria bioeconomia não se viabilizará”. Também defendeu uma distribuição justa de benefícios: “Se não falarmos disso não teremos uma bioeconomia para a Amazônia: benefícios para quem, para quê e em que escala isso deve ser feito”.

Outros pilares fundamentais apontados por Paulo Moutinho foram o fortalecimento das dinâmicas socioeconômicas e culturais no território, além do respeito e a inclusão dos saberes ancestrais. “É preciso ter humildade e reconhecer os saberes ancestrais, especialmente dentro do processo de produção tradicional”.

Há mais de 40 anos trabalhando na região amazônica, o biólogo e pesquisador do INPA Adalberto Luís Val disse que é errado falar em diversidade na Amazônia no singular, enquanto existem diversos aspectos a serem considerados, além da questão biológica, para a discussão de ações que envolvem a bioeconomia da região. Segundo ele, a diversidade na Amazônia é bastante complexa e abrange outras áreas essenciais citando entre elas a diversidade ambiental, geológica, química e cultural.

Adalberto Val afirmou que o debate sobre a bioeconomia da Amazônia deve levar em conta a “sensibilidade ambiental”. No seu entender, quanto maior a biodiversidade, menor é a densidade de ocorrência de organismos nessas áreas. “Quando estamos pensando em cadeias de valor, em inclusão social e geração de renda, a intervenção ambiental precisa ser pensada com todo o cuidado. Exportar material da Amazônia com custos ambientais significa ter impactos em outros segmentos econômicos extremamente importantes. Quando desmatamos para ter uma monocultura no lugar, significa termos menos serviços ambientais”.

O professor Jacques Marcovitch, da FEAUSP, levantou questões que considera importantes para o debate da bioeconomia da Amazônia. Destacou, entre elas, como centrar o desenvolvimento na dimensão humana e na sustentabilidade ambiental; como promover a capacitação e recapacitação de pessoas para a construção da nova era; como a transição digital torna possível uma economia mais inclusiva e mais resiliente; como a transição digital pode reduzir a informalidade, a própria ilicitude via as novas tecnologias; e como fazer da retomada econômica o espaço de oportunidade tanto na dimensão tecnológica quanto na dimensão da sustentabilidade, sempre colocando a dimensão humana no centro do processo.

Segundo ele, a região amazônica coloca imensos desafios nesse momento para os pesquisadores, para o Brasil e para a humanidade. Marcovitch disse que a crise sanitária aumentou as desigualdades na região, houve deterioração das condições e trabalho e renda, e vivenciamos hoje “profundas mudanças na nova era”, onde despontamos como “construtores” e não como “objetos”.

O professor Jacques Marcovitch enalteceu, ainda, o trabalho da FEAUSP e da FAPESP como instituições que estão sendo desafiadas a pensar novos caminhos para a Amazônia. Marcovitch é o pesquisador responsável pelo projeto Bioeconomia – Estudos das cadeias de valor no Estado do Amazonas, pela FEAUSP/FAPESP. Informações sobre o projeto estão no site https://bioeconomia.fea.usp.br/Data do Conteúdo: Terça-feira, 3 Agosto, 2021